Rússia critica EUA por detenção de iranianos no Iraque

A Rússia criticou duramente os Estados Unidos pela detenção dos iranianos, que seria uma "flagrante violação" de convenções internacionais e indo de encontro ao declarado respeito de Washington à soberania iraquiana. "É absolutamente inaceitável quando militares invadem um escritório consular estrangeiro no território de outro país", disse o porta-voz do Ministério do Exterior russo. "As ações ilegais dos militares dos EUA marcam um aberto abuso do mandado dado às forças multinacionais no Iraque".

O ministro do Exterior do Iraque afirmou hoje que os seis iranianos presos por tropas dos Estados Unidos na cidade nortista de Irbil, 350 km ao norte de Bagdá, controlada pelos curdos, trabalhavam num escritório de ligação aprovado pelo governo que estava em processo de se transformar num consulado. O ministro Hoshyar Zebari, um curdo, também disse que forças dos EUA tentaram prender mais pessoas no aeroporto de Irbil provocando um confronto com tropas curdas guardando o local, que não deixou feridos.

Em Washington, oficiais do Pentágono explicaram que depois de prender os iranianos no prédio, tropas dos EUA receberam informação de que uma outra pessoa poderia ter escapado pela porta dos fundos e fugido para o aeroporto. Forças curdas ficaram "surpresas" com a chegada de uma equipe militar americana enviada para o aeroporto. Mas "não houve tiros, ninguém ficou ferido, foi apenas uma situação tensa", contou o oficial, que pediu para não ser identificado.

Curdos

A detenção dos iranianos foi condenado por autoridades curdas locais, que protestaram por não terem sido avisada com antecedência e temem que as tensões entre os EUA e o Irã estejam prejudicando os interesses do Iraque. "Não queremos que o Iraque seja um campo de batalha para acerto de contas entre países", frisou o chanceler Zebari. "Esse escritório (em Irbil) não é novo, ele existe há mais de 10 anos", afirmou Zebari. "Estamos agora em processo de mudar o status desses escritórios para consulado e (...) vamos abrir consulados no Irã".

O governo regional curdo condenou as detenções e exigiu a libertação dos iranianos. Muitos curdos, inclusive o presidente iraquiano Jalal Talabani, têm estreitos laços com o Irã. O embaixador dos EUA no Iraque, Zalmay Khalilzad, disse que os iranianos detidos estão sendo interrogados. Um deles já teria sido libertados.