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Gabriel e as lembranças
No último ano e nesse vi partirem alguns amigos conquistados no primeiro momento em que cheguei a Mato Grosso há 30 anos. Ontem foi Gabriel Francisco de Matos Neto. Na época ele estava ligado à construção da rodovia Transpantaneira, um projeto do governo José Fragelli (1971-1975). A rodovia pretendia sair de Poconé, atravessar o Pantanal até as barrancas do rio Cuiabá no Porto Jofre, e dali chegar a Corumbá. Foi o primeiro contato formal e oficial com o Pantanal, até então completamente desconhecido do setor público.
Gabriel Muller, chamado na época de “Gigante do Pantanal”, pela poderosa revista “Realidade”, conduzia o projeto. Segundo ele, a rodovia Transpantaneira era uma forma de repetir no Pantanal o espírito das grandes rodovias integradoras que se construíam no Brasil naquele momento.
Gabriel de Matos era o superintendente do projeto. Engenheiro agrônomo formado em Lavras, Minas, em 1956, fazia parte de uma geração de jovens técnicos mato-grossenses que estudaram fora e trouxeram para Mato Grosso o espírito nacionalista que marcava as universidades brasileiras. Com ele, Bento Porto, Osvaldo Fortes, Enzo Ricci, Ninomya Miguel, entre tantos. Era uma gente jovem que pensava um Mato Grosso possível e grande no futuro. Só mesmo o nacionalismo forte justificaria aquela crença, porque o imenso estado (não dividido), de 1 milhão e 200 mil km2, estava num estágio muito atrasado em relação ao Brasil e muito distante do ponto que hoje alcançou.
Depois trabalhei com Gabriel na Sudeco – Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, um poderoso órgão de planejamento e de articulação política da região com o governo federal. Foi um período agradável, porque Gabriel era muito agradável. Falava alto, gesticulava muito, mas era amigo, acima de tudo.Obteve muitos recursos federais para nosso estado.
Depois tivemos propriedades rurais em Acorizal. Ele vendeu a sua há uns três anos. Registro com extremo pesar a sua passagem, pela memória que ele representa daqueles jovens técnicos mato-grossenses que lançaram as bases do presente, em tempos de extrema dificuldade. Todos estão partindo, apesar de serem pessoas que ficaram na memória do tempo, mas não se registrou a sua participação na história de Mato Grosso e nem os seus sonhos, completamente utópicos naquela época. Gabriel se foi aos 74 anos
Gabriel deixa-me profunda lembrança pela nossa convivência, como a convivência com Páscoa, a esposa mineira que ele trouxe de Lavras, e os filhos Gabriel e Aclyse, ambos pessoas das letras, bons escritores e bons poetas.
Não posso deixar de citar outros amigos da mesma época que também se foram nos últimos meses: o engenheiro Carmelito Torres e Estevão Torquato. Conheci-os na Cemat e depois ao longo da vida nesses anos todos. Levaram uma importante memória de Mato Grosso dos últimos 30 anos, justamente os anos que permitiram que o nosso estado saísse da utopia que eles sonharam e entrasse no século 21. Certamente foram sonhar outras utopias onde estiverem.
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
Gabriel Muller, chamado na época de “Gigante do Pantanal”, pela poderosa revista “Realidade”, conduzia o projeto. Segundo ele, a rodovia Transpantaneira era uma forma de repetir no Pantanal o espírito das grandes rodovias integradoras que se construíam no Brasil naquele momento.
Gabriel de Matos era o superintendente do projeto. Engenheiro agrônomo formado em Lavras, Minas, em 1956, fazia parte de uma geração de jovens técnicos mato-grossenses que estudaram fora e trouxeram para Mato Grosso o espírito nacionalista que marcava as universidades brasileiras. Com ele, Bento Porto, Osvaldo Fortes, Enzo Ricci, Ninomya Miguel, entre tantos. Era uma gente jovem que pensava um Mato Grosso possível e grande no futuro. Só mesmo o nacionalismo forte justificaria aquela crença, porque o imenso estado (não dividido), de 1 milhão e 200 mil km2, estava num estágio muito atrasado em relação ao Brasil e muito distante do ponto que hoje alcançou.
Depois trabalhei com Gabriel na Sudeco – Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, um poderoso órgão de planejamento e de articulação política da região com o governo federal. Foi um período agradável, porque Gabriel era muito agradável. Falava alto, gesticulava muito, mas era amigo, acima de tudo.Obteve muitos recursos federais para nosso estado.
Depois tivemos propriedades rurais em Acorizal. Ele vendeu a sua há uns três anos. Registro com extremo pesar a sua passagem, pela memória que ele representa daqueles jovens técnicos mato-grossenses que lançaram as bases do presente, em tempos de extrema dificuldade. Todos estão partindo, apesar de serem pessoas que ficaram na memória do tempo, mas não se registrou a sua participação na história de Mato Grosso e nem os seus sonhos, completamente utópicos naquela época. Gabriel se foi aos 74 anos
Gabriel deixa-me profunda lembrança pela nossa convivência, como a convivência com Páscoa, a esposa mineira que ele trouxe de Lavras, e os filhos Gabriel e Aclyse, ambos pessoas das letras, bons escritores e bons poetas.
Não posso deixar de citar outros amigos da mesma época que também se foram nos últimos meses: o engenheiro Carmelito Torres e Estevão Torquato. Conheci-os na Cemat e depois ao longo da vida nesses anos todos. Levaram uma importante memória de Mato Grosso dos últimos 30 anos, justamente os anos que permitiram que o nosso estado saísse da utopia que eles sonharam e entrasse no século 21. Certamente foram sonhar outras utopias onde estiverem.
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/249105/visualizar/
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