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Saúde
Quinta - 11 de Janeiro de 2007 às 14:28

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Um novo tratamento contra o câncer desenvolvido por cientistas britânicos se utiliza de um vírus como o do resfriado comum para combater os tumores. Se obtiver êxito, o tratamento virótico, sobre o qual informa hoje o jornal The Guardian, se juntará à radioterapia e à quimioterapia como parte da luta contra essa doença.

Leonard Seymour, professor de tratamento genético na Universidade de Oxford que trabalhou com outros cientistas britânicos e americanos nesse projeto, será o encarregado de dirigir os primeiros testes clínicos ainda este ano. Seymour, considerado uma eminência em pesquisa genética, tem trabalhado com vírus que eliminam diretamente as células cancerosas, mas respeitam o tecido saudável.

"Inicialmente, é algo que poderia ser muito mais eficaz que a quimioterapia tradicional", explica o especialista. Os vírus se aproveitam da capacidade que as células cancerosas têm de suprimir o sistema imunológico local. "Para o vírus, (um tumor) é o lugar ideal, já que não há sistema imunológico que impeça sua reprodução. Poderia ser considerado como o calcanhar de Aquiles do câncer", explica o cientista.

Bastam alguns poucos vírus, já que estes se multiplicam com facilidade: "É possível conseguir até um milhão de réplicas do vírus em cada célula. Quando esta explode, os vírus infectam as células cancerosas adjacentes e o processo continua", expica Seymour. As pesquisas preliminares feitas com ratos indicam que os vírus combatem com eficácia os tumores resistentes aos remédios normalmente usados no tratamento contra o câncer.

O método idealizado pelo cientista britânico e seus colegas consiste em utilizar vírus cobertos de uma camada de polímeros para evitar que o sistema imunológico os detecte. Os vírus seriam transportados pelo sangue até atingir os tumores que se procura combater. O que se injeta é uma espécie de vírus clandestino, mas as réplicas não têm essas mesmas modificações químicas, o que significa que, se escaparem do tumor, o sistema imunológico as reconhecerá e as eliminará imediatamente.

O tratamento em questão pode ser especialmente útil para casos de metástase ou propagação de um foco canceroso em um órgão diferente daquele em que se iniciou. As metástases, que se estendem pelo corpo após o aparecimento do primeiro tumor, são uma causa muito freqüente de mortes.

Nos primeiros testes clínicos que serão feitos este ano muito provavelmente serão utilizados dois tipos de vírus: o adenovirus, que normalmente está na origem de doenças como resfriados, e a vaccinia, causadora da varíola, mas que também serve como vacina contra essa doença. Em benefício da segurança do paciente, os dois vírus serão inativados para que fiquem menos nocivos na fase de teste, embora Seymour acredite na eventual utilização do vírus em estado natural.

Nos primeiros testes serão utilizados adenovirus e vaccinia sem revestimento de polímeros, que serão introduzidos localmente nos tumores do fígado para determinar se o tratamento é seguro nas pessoas e qual é a dose necessária. Em círculos médicos se adverte, no entanto, que a eventual aprovação do Serviço Nacional de Saúde do Reino requererá muitos anos de testes.





Fonte: EFE

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