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Nacional
Domingo - 07 de Janeiro de 2007 às 14:26

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Nem todo mundo que passa pela esquina da rua XV de novembro e Mariano Torres, no centro de Curitiba, repara que ali, sentada na calçada, existe uma poetisa. Mas quem percebe não consegue conter a admiração nem disfarçar a surpresa. Quem pára por um segundo e lê um trecho das poesias de Izabel, se emociona facilmente.

"Os sonhos foram feitos para serem realizados, então, não desista de sonhá-los." Esta é a primeira frase de um dos livros de Izabel Cristina Milano, 35 anos. A poetisa, autora de mais de 400 poesias, conta com entusiasmo e orgulho o seu ofício. "Comecei a escrever com 8 anos e nunca mais parei", conta.

A diferença é que não se trata de uma escritora conhecida, muito menos de alguém que toma a escrita como passatempo. Izabel é uma moradora de rua com uma história densa de vida. Aos cinco anos, foi abandonada pelo pai na rua. Aos 8 anos, foi adotada por uma família, o que permitiu que ela estudasse até a 8ª série. Em uma tragédia, os pais foram assassinados e ela voltou às ruas.

Assim, escrevendo nas ruas de Curitiba, Izabel consegue se manter. Há três meses, um morador da região deu a ela uma máquina de escrever. "Ficou mais fácil de escrever assim. É mais rápido e os livros ficam mais bonitos", diz ela. No começo, os livros - que têm cerca de 5 páginas - eram feitos de folhas de papel sulfite dobradas, escritas a mão e com um desenho na capa, feito também por Izabel. Mas hoje, a máquina é a testemunha de todos os pensamentos, sonhos e imaginações que Isabel põe no mundo através da poesia.

Ela diz ter muita inspiração, que vem das coisas simples, do cotidiano e de seu olhar observador e sensível. "Escrevo quando vejo um moço bonito, um casal apaixonado ou quando lembro de algum sonho que tive", explica. Mas suas poesias também têm um lado contestador, de alguém que vê os problemas do mundo e sabe que não pode ficar calada. "Queria que o mundo fosse mais justo, tivesse mais paz".

Nomes como Clarice Lispector, Graciliano Ramos e Machado de Assis estão entre os poucos livros que possui. Além de escrever, Izabel adora ler. "Através dos livros consigo refrescar a mente, me sinto muito bem enquanto leio".

Izabel colocou uma placa, feita de papelão, que diz: "Vendo livros. Preço: de R$ 1 e R$ 1,50". Preços módicos, que não refletem a densidade dos textos, como no poema "Pensamento":

Quando eu não mais existir, Procura-me no céu Serei as estrelas a brilhar em seus olhos...





Fonte: Terra

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