Jornal argentino analisa governo Lula em editorial

O segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é tema do principal editorial publicado pelo jornal argentino La Nación de hoje. O jornal menciona a vitória de Lula por 58 milhões de fotos, recorde na história do país e lembra que as dimensões do Brasil, o fazem ter a economia mais importante da região. Logo enumera seus títulos: o maior exportador do mundo de açúcar, café, suco de laranja, álcool para combustíveis, soja, carne bovina, fumo e frango; o terceiro produtor e exportador mundial de aviões, mercado no qual a Embraer é superada somente por Boeing e Airbus; possui mais empresas montadoras de automóveis que nenhum outro país do mundo tem e todas exportam seus veículos.

Em matéria de hidrocarbonetos, recorda La Nación, Brasil possui a liderança tecnológica mundial no que diz respeito à exploração e produção em águas profundas e caminha firmemente para sua auto-suficiência. Depois dos pontos positivos brasileiros, o jornal traça uma lista de problemas e desafios para o presidente Lula - "Brasil é um país de marcados contrastes entre ricos e pobres, onde ainda tem muito por fazer em matéria de inclusão social e correção de injustiças", além de questões sociais enormes, como segurança pessoal, ação do crime organizado e o crescimento do narcotráfico.

Por isso, opina que o "carismático presidente Lula terá que encarar esta nova etapa de governo com renovados brios para responder à um povo que lhe entregou novamente sua confiança". La Nación repetiu o discurso de posse de que Lula tentará elevar a taxa de crescimento econômico do Brasil de 2,8% em 2006 para 5%, mas para isso é imprescindível começar a atacar a pobreza. O jornal afirma que "através da aliança de Lula com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), integrado por importantes grupos políticos regionais, poderá, seguramente, superar no trabalho parlamentar a crise que afeta seu próprio grupo, o Partido dos Trabalhadores".

La Nación também diz que "em matéria de política exterior, a grande interrogação é como Lula da Silva fará para recuperar a liderança continental que seu país reivindica, liderança que tem estado na sombra, nos últimos tempos, pelas propostas e atitudes radicais de Hugo Chávez, as quais o prudente presidente brasileiro não tem apoiado". Recorda ainda que Lula terá que terminar de resolver a delicada questão do abastecimento energético de gás natural da Bolívia para os mercados brasileiros e encontrar uma fórmula compense, eqüitativa e adequadamente, os substanciais investimentos brasileiros no setor energético.

O jornal argentino dedica-se a comentar ainda que "não se espera mudanças substantivas na relação do Brasil com os Estados Unidos, certamente menos ríspida e mais conciliadora que a que alguns outros governantes da região mantém, cujos estilos de confrontação ruidosa e permanente nunca foram assinados por Lula". Para concluir, La Nación afirma que "o popular Lula da Silva é ainda o símbolo vivo da esperança que seus compatriotas depositam em um futuro mais próspero".