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Percepções sobre 2006 e 2007 (3)
As eleições de presidenciais de 2006 consagraram um estilo de governar chamado “estilo Lula”. Mal compreendido e combatido, merece mais discussões do que preconceitos. É a nova cara do Brasil, queiramos ou não. 2007 entrará com Lula presidente, eleito legitimamente e sobrevivente de uma catástrofe chamada Partido dos Trabalhadores.
Lula traz no mesmo balaio que o elegeu, a derrota dos sistemas políticos e institucionais brasileiros. Vale citá-los:
1 – O Congresso Nacional auto-desmilinguiu-se numa sucessão de erros e de envolvimentos inadmissíveis, mas é tão impermeável que não se apercebeu que perdeu o senso de representante da sociedade;
2 – os partidos políticos perderam-se na sua própria falta de história. Até o PT que tinha DNA, vendeu-o por um projeto mal-feito de poder. Sai da História pela porta dos fundos, por onde saíram todos os demais. Uma reforma política urge mais do que urgente, mas não sairá já porque a sobrevivência do agora respira mais do que a do futuro. Deverá vir a conta-gotas;
3 – o Judiciário entrou na ciranda da política e acabou espremido entre o corporativismo e a perplexidade da dinâmica social. Já não representa a garantia do equilíbrio social pelo respeito das leis vigentes;
4 – as universidades públicas entraram em colapso, supostamente por falta de recursos, mas vítimas do corporativismo retrógrado que sonha com tempos passados de dinheiro farto. Produzir conhecimento e vendê-lo seria um dos caminhos. Mas isso custa trabalho. Melhor queixar-se do governo, ou fazer greves;
5 – a classe média perdeu-se no meio do caminho da suposta ascensão social das bolsas-família do presidente Lula, os impostos e os péssimos serviços públicos que paga em dobro para existir. Nos últimos anos cedeu espaço para as classes mais pobres, animadas com a chamada “política de compensações sociais” do governo. O país empobrece sem o fermento da classe média;
6 – as classes menos favorecidas começam a se organizar num contexto muito mal-costurado de ascensão social, mas legítimo, ainda que sustentado pelos cofres públicos. De qualquer forma, é melhor do que a miséria por destino, já que sempre foram as maiores vítimas dos desacertos econômicos de todos os governos;
7 – a economia descolou-se da política no correr e depois da enorme crise política que começou em junho de 2005 e arrastou o Congresso, o presidente, os partidos políticos, congressistas e terceiros nos sucessivos escândalos. A política descia a serra, e a economia sustentava o país. Este talvez tenha sido o imenso avanço da crise;
8 – por último, está em andamento no Brasil um sutil movimento de organização social que é muito maior do que tudo que já se viu até hoje. Claro que levará um tempo até consolidar-se. Mas será alimentado pelos erros do governo, das instituições e da política. Mas, mesmo o brasileiro mais pessimista não poderá negar que o país avançou com as crises e com a reeleição do presidente Lula. Foi uma espécie de fatalismo do tipo seja o que Deus quiser. Melhor do que encolher-se e esperar a mão de Deus vir sabe-se lá de onde para interferir em nossas vidas e na vida do Brasil!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
Lula traz no mesmo balaio que o elegeu, a derrota dos sistemas políticos e institucionais brasileiros. Vale citá-los:
1 – O Congresso Nacional auto-desmilinguiu-se numa sucessão de erros e de envolvimentos inadmissíveis, mas é tão impermeável que não se apercebeu que perdeu o senso de representante da sociedade;
2 – os partidos políticos perderam-se na sua própria falta de história. Até o PT que tinha DNA, vendeu-o por um projeto mal-feito de poder. Sai da História pela porta dos fundos, por onde saíram todos os demais. Uma reforma política urge mais do que urgente, mas não sairá já porque a sobrevivência do agora respira mais do que a do futuro. Deverá vir a conta-gotas;
3 – o Judiciário entrou na ciranda da política e acabou espremido entre o corporativismo e a perplexidade da dinâmica social. Já não representa a garantia do equilíbrio social pelo respeito das leis vigentes;
4 – as universidades públicas entraram em colapso, supostamente por falta de recursos, mas vítimas do corporativismo retrógrado que sonha com tempos passados de dinheiro farto. Produzir conhecimento e vendê-lo seria um dos caminhos. Mas isso custa trabalho. Melhor queixar-se do governo, ou fazer greves;
5 – a classe média perdeu-se no meio do caminho da suposta ascensão social das bolsas-família do presidente Lula, os impostos e os péssimos serviços públicos que paga em dobro para existir. Nos últimos anos cedeu espaço para as classes mais pobres, animadas com a chamada “política de compensações sociais” do governo. O país empobrece sem o fermento da classe média;
6 – as classes menos favorecidas começam a se organizar num contexto muito mal-costurado de ascensão social, mas legítimo, ainda que sustentado pelos cofres públicos. De qualquer forma, é melhor do que a miséria por destino, já que sempre foram as maiores vítimas dos desacertos econômicos de todos os governos;
7 – a economia descolou-se da política no correr e depois da enorme crise política que começou em junho de 2005 e arrastou o Congresso, o presidente, os partidos políticos, congressistas e terceiros nos sucessivos escândalos. A política descia a serra, e a economia sustentava o país. Este talvez tenha sido o imenso avanço da crise;
8 – por último, está em andamento no Brasil um sutil movimento de organização social que é muito maior do que tudo que já se viu até hoje. Claro que levará um tempo até consolidar-se. Mas será alimentado pelos erros do governo, das instituições e da política. Mas, mesmo o brasileiro mais pessimista não poderá negar que o país avançou com as crises e com a reeleição do presidente Lula. Foi uma espécie de fatalismo do tipo seja o que Deus quiser. Melhor do que encolher-se e esperar a mão de Deus vir sabe-se lá de onde para interferir em nossas vidas e na vida do Brasil!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/251053/visualizar/
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