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Economia
Terça - 02 de Janeiro de 2007 às 13:02

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Após dois anos de crise de rentabilidade, as esmagadoras de soja iniciam a safra 2006/07 com perspectivas mais animadoras, graças à alta nos preços internacionais do complexo soja e à expansão da demanda por óleo nos mercados interno e externo para atender à produção de biocombustíveis.

Para o próximo ano, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) prevê dois recordes, caso se mantenha o cenário atual: receita de exportação recorde de US$ 10,058 bilhões - ante US$ 9,191 bilhões este ano - e expansão de 10% no consumo interno de óleo, para 3,5 milhões de litros.

"Com o biodiesel há uma sinalização de que as indústrias terão melhor aproveitamento do parque industrial, que hoje está com ociosidade de 25%", afirma Carlo Lovatelli, presidente da Abiove.

Ele observa que, nos últimos anos, o consumo interno de óleo de soja cresceu vegetativamente e é a primeira vez que haverá uma expansão de 10%. "Acreditamos que o consumo poderá aumentar mais se o programa de biodiesel se consolidar", avalia.

Lovatelli observa que a alta nos preços do óleo reduziu a competitividade do produto para fabricação de biodiesel em algumas regiões do país, mas ainda continua viável em regiões onde o preço do diesel é alto - especialmente no Centro-Oeste. "Em 2008, a adoção compulsória de 800 milhões de litros de biodiesel criará uma demanda para 1 milhão de toneladas de grãos. Muitas indústrias analisam a viabilidade do programa com interesse em participar", diz.

Algumas esmagadoras já anunciaram investimentos na produção de biodiesel. Entre elas, a ADM vai investir US$ 35 milhões em uma usina em Rondonópolis (MT), com capacidade para produzir 180 milhões de litros por ano.

A Caramuru inaugura em janeiro uma usina em São Simão (GO), que recebeu aporte de R$ 20 milhões e terá capacidade para 100 milhões de litros. A Granol também investe em duas plantas, em Anápolis (GO) e Cachoeira do Sul (RS), que juntas terão capacidade para produzir 240 milhões de litros de biodiesel por ano. As americanas Cargill e Dreyfus também estudam projetos na área.

esmo as empresas que não têm projetos definidos em biodiesel, já estimam um aumento do esmagamento de soja no próximo ano. A Amaggi Exportação e Importação, trading controlada pelo Grupo André Maggi - maior produtor individual de soja do mundo - , anunciou em agosto um investimento de R$ 100 milhões na construção de uma nova indústria de esmagamento de soja em Lucas do Rio Verde (GO). A unidade terá capacidade de esmagamento de 3 mil toneladas por dia e, quando entrar em operação, em 2008, a capacidade total de processamento da empresa chegará a 6,5 mil toneladas de soja por dia.

"O Brasil, no próximo ano, deve voltar a ter investimentos no esmagamento. E esse crescimento se dará basicamente no Centro-Oeste", diz Waldemir Ival Loto, diretor-superintendente da Amaggi. Este ano, a empresa esmagou 1,03 milhão de toneladas de soja e espera ampliar esse volume em 2007.

A multinacional Agrenco, com sede no Brasil e na Europa, também anunciou esta semana que espera elevar o volume de originação em 39,5%, passando de 3,8 milhões de toneladas neste ano para 5,3 milhões em 2007.

A empresa assinou protocolo de intenções com o governo do Mato Grosso para instalar um complexo industrial em Alto Araguaia (MT), com aporte de R$ 130 milhões. O complexo terá capacidade para esmagar 900 mil toneladas de soja por ano. Parte do óleo produzido irá para produção de 165 milhões de litros de biodiesel por ano.

A Caramuru também espera elevar o esmagamento em 10% no próximo ano, para 1,54 milhão de toneladas, graças à demanda mais aquecida e às perspectivas de crescimento da safra brasileira de soja. José Luiz Glaser, diretor do complexo soja da americana Cargill, informou em entrevista recente ao Valor que espera melhora na demanda por óleo e também no consumo de farelo no país, graças à recuperação na produção de aves iniciada no segundo semestre de 2006.

O executivo considera possível uma elevação do esmagamento, desde que se confirme a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de safra 2,4% maior, para 54,718 milhões de toneladas. Em 2006, a empresa originou 10 milhões de toneladas de grãos e processou 3,7 milhões de toneladas.

As empresas também prevêem melhora na rentabilidade com as exportações, graças à alta nos preços de todo o complexo soja e do aumento da demanda chinesa.

A Abiove estima que a receita com embarques alcançará US$ 10,058 bilhões, o maior valor obtido pelo segmento desde 2004, quando as vendas externas acumularam uma receita de US$ 10,048 bilhões. "A melhoria do preço internacional da soja, hoje acima de US$ 7 o bushel, provocou uma reação mais positiva do setor. Todos os fatores nos dão motivos para voltar a sorrir novamente", afirma Lovatelli.

A recuperação das indústrias, diz Lovatelli, dependerá não só da safra maior e dos preços internacionais altos. A desvalorização cambial e os investimentos em logística para transporte da soja até os portos continuam importantes fatores de pressão sobre a rentabilidade do setor e devem se manter na pauta de negociações entre indústrias e governo em 2007.





Fonte: 24HorasNews

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