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Sexta - 29 de Dezembro de 2006 às 07:56

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O presidente da Associação de Moradores do Distrito de Jarudore, Carlos Antônio do Carmo, o Mineiro, admitiu a possibilidade de conflito na região envolvendo índios bororos, que retornaram para a reserva em junho deste ano, e os moradores da localidade, a 70 km de Rondonópolis, no Município de Poxoréu. Segundo Carmo, a situação na área está mais difícil depois que uma caminhonete foi incendiada e o motorista, João Osmar Lopes, 44, o Gaúcho, genro da cacique bororo, Maria Aparecida Toro Ekureudo, ficou desaparecido por mais de 24 horas.

“Eu temo que se inicie um conflito na região, mesmo porque autoridades policiais e a Fundação Nacional do Índio (Funai) não estão considerando a gravidade da situação”, afirmou.

O presidente da associação esteve ontem em Rondonópolis para prestar declarações na Polícia Federal e procurou o Diário para relatar que não tem nenhum envolvimento com o caso. Os índios apontaram Carmo, que é conhecido na região como Mineiro, como um dos supostos mandantes do seqüestro de Gaúcho, na manhã da última terça-feira.

Na declaração que prestou à PF, por espontânea vontade, Mineiro ressaltou que não tem nada a ver com o episódio do incêndio da caminhonete e com o desaparecimento de João Osmar Lopes. “Fui apontado como mandante, mas também estou com medo e recebendo ameaças. Tenho família que mora em Jarudore e que não quer sair de lá e me deixar sozinho”, afirmou. Ele disse ainda que espera que a Polícia resolva o caso o mais rápido possível e encontre os culpados, para evitar que a situação se agrave.

Carlos do Carmo foi ouvido pelo delegado federal Alex Sandro Biegas, que irá encaminhar a declaração à Polícia Civil de Poxoréu, que é responsável pelas investigações sobre o caso.

“Em princípio, não assumiremos as investigações, pois o caso é um fato isolado. Crimes que envolvem índios são de responsabilidade da Polícia Civil. Somente os crimes que envolvem a coletividade cabem à PF”, explicou o delegado.

A área onde está localizado Jarudore é uma reserva indígena que foi demarcada, inicialmente, em 1912 e remarcada, definitivamente, em 1945, quando se intensificou a ocupação irregular da área, que levou à criação do distrito dentro da reserva indígena.

A disputa pela região se arrasta há mais de 50 anos, mas ganhou força neste ano, quando a cacique Maria Aparecida e mais quatro famílias bororos resolveram retornar para a área e exigir uma rápida resolução para os problemas.

A questão fundiária do local está nas mãos do Ministério Público Federal e é conduzida pelo procurador da República, Mário Lúcio Avelar. Além disso, a situação está sendo acompanhada pela Comissão Interinstitucional de Apoio à Sociedade Indígena de Jarudore, que foi criada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A comissão acompanha o caso desde a chegada dos bororos, em junho deste ano, e deve encaminhar um documento sobre possíveis perseguições sofridas pelos índios no local.





Fonte: Diário Regional

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