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Economia
Quarta - 20 de Março de 2013 às 11:54
Por: VALDO CRUZ

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O aperto na política monetária está em curso desde que o Banco Central endureceu seu discurso. Mas a inflação não vai recuar apenas na base do "gogó", na avaliação do governo, e vai precisar de uma "ajuda" para cair, o que deve significar aumento na taxa de juros neste ano.

Segundo assessores presidenciais, a alta não virá no tempo do mercado, mas no do BC, indicando que os juros podem subir na reunião de maio do Copom (Comitê de Política Monetária), e não na próxima, em abril. Mas "é questão de tempo".

Em resposta às críticas do mercado, de que o BC demora a subir os juros, um assessor disse à Folha que a estratégia do Banco Central foi, primeiro, endurecer o discurso alertando para uma inflação preocupante e desconfortável, quando foi divulgado o IPCA de janeiro, que bateu em 0,86%, fazendo a taxa anualizada atingir 6,15%.

Ali, diz ele, o BC começou, na base do discurso, o processo de aperto da política monetária, que fez o juro subir no mercado futuro. "Discurso tem dente, ele morde", afirmou, citando dados de evolução dos juros futuros.

NOVA EXPRESSÃO

O segundo passo veio na mais recente reunião do Copom, que manteve os juros básicos em 7,25%,mas suprimiu a expressão de que a atual política monetária poderia ser mantida por "tempo suficientemente prolongado". Com isso, os juros futuros de um ano passaram para 8,25%.

O governo reconhece, porém, que o mercado está correto em afirmar que a inflação não vai recuar só na base do discurso, mas destaca que o processo de ajuste dos juros "começa assim". Acrescenta que o cenário atual indica que a inflação "precisa de uma ajuda, além do discurso, para cair".

  Editoria de arte/Folhapress  

Nas conversas internas, assessores ressaltam que a alta dos juros "não vem da pressão do mercado nem da vontade do BC, mas do comportamento da inflação" --que, segundo a ata do Copom, mostra resistência em recuar, gerando preocupações pelo efeito negativo sobre a confiança de consumidores e empresários.

Quanto aos temores sobre o ritmo da economia, que ainda estaria muito fraco e não recomendaria uma alta dos juros, técnicos do governo já trabalham com um crescimento no primeiro trimestre deste ano na casa de 1% --o que, anualizado, daria 4%.

As avaliações internas apontam um crescimento no ano de 3% a 4%. A expectativa é de expansão mais forte no primeiro semestre, impulsionando os investimentos.

O governo avalia como natural as pressões por parte do mercado para uma alta imediata nos juros, mas reforça que o BC precisa ter cautela para definir o momento de ajustar a política monetária, como foi dito na ata.

Na avaliação de técnicos, a inflação mais resistente e as falas mais recentes do BC geraram um "grau elevado de excitação no mercado".

O governo acredita, porém, que os ajustes na política monetária vão fazer a inflação recuar abaixo de 6% no segundo semestre. A taxa anualizada até fevereiro bateu em 6,31% e há risco de, nos próximos meses, superar o teto da meta, de 6,5%.






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