O G1 avaliou a versão 2013 do modelo, que já está à venda no país. Em roteiro de 300 km, que incluiu 60 km na cidade de São Paulo e estradas nos arredores da capital paulista, a K 1600 GTL confirmou ser um modelo estradeiro. Ela se encaixa no segmento das motos touring, ou seja, destinado ao turismo. Mesmo porque, com 1 metro de largura e 348 kg, a moto não é muito indicada para a cidade.
Dentro da linha K 1600 ainda existe a opção GT, um pouco mais “básica” que a GTL, sem som de série nem a maleta traseira, apesar de manter as duas laterais. A ergonomia da GT é um pouco mais esportiva, enquanto a GTL preza mais pelo conforto, e ela custa R$ 99.500. O para-brisa da GTL também é maior, para ressaltar suas características turísticas, e pedaleiras e assentos são mais largos.
A sincronização via Bluetooth também só está presenta na top de linha. Para o Brasil, a empresa traz somente a versão completa da GTL, enquanto na Europa existem versões com menos acessórios – somente o GPS, que, possui espaço específico para sua instalação, acima do painel, está fora do pacote.
Apesar do alto preço, o nicho das GT, ou Grã-Turismo, ganhou novidades recentes no país. Entre as concorrentes da “família K 1600”, está a tradicional Honda GL 1800 Gold Wing, que foi atualizada pela Honda em 2012. Com estilo mais clássico e pacote menos tecnológico, a Harley-Davidson possui a Electra Glide Ultra Limited. Para completar, a Kawasaki tem a Concours 14, que pende para um desempenho mais esportivo, já que tem como base a Ninja ZX-14R.
A Honda ainda tem a VFR 1200F, que apesar de ser caraterísticas ainda mais esportivas que a Concours, também tem caráter touring - fora do país a Honda ainda conta com a Pan European. Além desses modelos, no exterior, a Triumph lançou no ano passado a Trophy e a Yamaha atualizou a FJR 1300 – ambas ainda indisponíveis no país.
348 kg em movimento
Ao ver a ficha técnica da K 1600 GTL a impressão é de que, para ser um carro, a motocicleta só precisaria de mais duas rodas. Os 348 kg em ordem de marcha – com fluídos e combustível - da K, somados ao seu grande porte, podem assustar de início. Mas basta girar o acelerador, que é eletrônico, para o conjunto entrar em movimento com facilidade. Apesar de ser uma “peso-pesado”, sua massa está bem distribuída.
O controle é fácil e o motor de seis cilindros já garante força necessária em baixos giros, deixando os movimentos em velocidade reduzida na cidade se desenrolarem sem grandes dificuldades. Não há problemas para alcançar o solo com os pés, mas o excesso de confiança pode ser prejudicial, pois se o equilíbrio for perdido, não será tarefa fácil segurar o modelo
Em deslocamentos urbanos, a K 1600 GTL não foge do comportamento de suas rivais. A moto perde agilidade à medida que o trânsito aumenta e seu tamanho não é adequado para se deslocar entre outros veículos. Devido à velocidade baixa na cidade e a grande bolha e carenagens protetoras, a moto esquenta bastante no tráfego pesado, já que o ar é barrado por toda sua proteção aerodinâmica. Retirando as maletas laterais, o raio de ação melhora.
Para o asfalto, nem sempre em bom estado das cidades, o aconselhável é o uso da opção “Confort” do sistema de suspensão eletrônica da moto. Por meio de um comando no punho esquerdo, é possível selecionar, mesmo em movimento, uma das três opções oferecidas pela 2ª geração do ESA (Electronic Suspension Adjustment II) – as outras são Normal e Sport. Feito isso, os amortecedores apresentam maior maciez.
Curtindo o som
Passando para a estrada, a K 1600 GTL mostra as reais aptidões de seu projeto. O propulsor vai ganhando cada vez mais fôlego, com o crescimento das rotações e atinge seu auge de funcionamento logo acima de 5.000 rpm. Com injeção eletrônica e refrigeração líquida, este “hexacilíndrico” é bem compacto, com apenas 102,6 kg e largura de 555 mm.
De acordo com a empresa, é o motor produzido em série mais compacto já feito, dentre as motos de mais de 1.000 cm³. Sua velocidade máxima supera os 200 km/h, segundo dados da BMW, o que é mais do que suficiente para manter o limite de 120 km/h da maioria das estradas brasileiras.
Basta ajustar o piloto automático na velocidade adequada e ligar o som, por meio de comando na lateral esquerda da moto para curtir bastante a estrada. Sua bolha com regulagem elétrica no punho esquerdo garante grande proteção e, mesmo na chuva, o motociclista não sofre com as intempéries do clima. Passando dos 100 km/h o som continua audível e, além de sintonizar rádios, o dispositivo possibilita a conexão de MP3.
Caso o clima esteja frio, a moto traz aquecedores de manoplas e de assentos, tanto para o banco do piloto, como para o do passageiro. Por sinal, o garupa é muito bem tradado na K 1600 GTL, que pode acomodar as costas em apoio especial no top case – mala traseira da moto. Com toda esta mordomia, é possível se sentir sentado no sofá de casa, devido ao grande conforto que a moto proporciona.
A posição de guiar está bem ajustada, com pernas e braços dispostos de maneira confortável. Mesmo após horas em cima da moto, o cansaço não aparece, ainda mais com a distração oferecida pelo conjunto.
Vale a ressalva de que tantos apetrechos podem tirar a atenção do motociclista, assim, é necessário cuidado extra para mexer no computador de bordo. Todos comandos podem ser feitos com a moto em movimento. Uma roldana na manopla esquerda permite navegar pelo sistema e selecionar a estação preferida.
Controle de tração e
suspensão eletrônica
Para alterar os modos do controle de tração é necessário cessar o acelerador. Este dispositivo evita que a roda traseira derrape caso exista perda de aderência ao solo nas acelerações, cortando a injeção de combustível. Além de alterar o nível intrusivo do sistema, o controle de tração muda a entrega de potência para tornar a viagem mais segura. O opção Rain é indicada para a chuva e em outras condições de pista escorregadia - caso tenha óleo ou areia no asfalto, por exemplo.
Além de ser o modo no qual a tração é cortada mais cedo, a entrega de torque e potência são mais graduais na opção Rain. O Road é o modo intermediário de atuação do sistema, enquanto no Dynamic a moto utiliza toda a sua força e o controle só é acionado no limite. Durante a avaliação da motocicleta, foi possível rodar com a moto em piso molhado e sujo. A atuação do sistema é feita de maneira suave, sem perder rendimento exagerado nas acelerações. Somado aos freios ABS, a K 1600 GTL tem pacote interessante voltado à segurança.
Além de estarem bem dimensionados para o modelo, os freios não travam em situação alguma, evitando perder o controle. Desse modo, este conjunto faz uma moto de 160,5 cavalos de potência, que pode ultrapassar os 450 kg, com piloto e passageiro, usável e mais segura. No entanto, a própria marca informa que “é impossível alterar as leis da física” e a moto não é á prova de acidentes.
Outro advento eletrônico que faz a diferença, mas desta vez para o conforto, é a suspensão eletrônica. Além de alterar a rigidez entre as opções Confort, Normal e Sport, é possível selecionar opções para quando se leva bagagem e garupa. Com o modo Sport acionado, a K 1600 GTL fica muito mais estável e melhor para fazer curvas – com o piso em bom estado.
Um sonho para poucos
Finalizando o pacote de tecnologia, a K possui um exclusivo farol de xênon, com adaptação automática em curvas. Antes reservado apenas aos carros, o sistema fez sua estreia nas motos com a K 1600. Além de amplo raio de iluminação, o ajustamento direcional faz toda a diferença, sobretudo em deslocamentos por estradinhas e serras durante a noite. A lanterna tem luzes de LED e a GTL ainda traz luzes adicionais de LED para a dianteira.
No entanto, dentre todas estas atrações tecnológicas o grande destaque a moto é a performance dinâmica do conjunto motor, chassi e câmbio. Embora conte com itens antes vistos só em automóveis, a K 1600 GTL tem desempenho de sobra para quem busca turismo com esportividade. Mesmo com o tamanho, tem trocas de direção rápidas e o prazer ao guiar é alto. O sistema de som também é uma ótima pedida para viagens, roubando a cena, e as três malas trazem muita praticidada, sendo de fácil remoção.
Apenas como exemplo, com o dinheiro gasto em uma K 1600 GTL, é possível comprar 26 unidades da Honda Pop, modelo mais barato da marca japonesa no Brasil, de R$ 4.190. A mesma quantia é equivalente a 3,5 motos G 650 GS, produto de entrada da fabricante alemã no mercado brasileiro. Mesmo com um conjunto superatrativo, a K 1600 tem muitos dotes e cobra caro por isso. Ainda é um sonho para poucos.
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