Reação do mercado futuro provoca venda antecipada de soja em MT

Em função da reação do mercado futuro da soja, produtores rurais de Mato Grosso, Goiás e Paraná já estão comercializando o produto antes mesmo da colheita, o que não vinha acontecendo nas duas últimas safras devido à crise que o setor passou. Nesta semana, a saca de 60 kg foi cotada de R$ 26 a R$ 28 em Goiás e de R$ 30 a R$ 32 no Paraná. Já em Mato Grosso, há uma variação de preço de região para região devido o preço do transporte – em Sorriso (420 quilômetros de Cuiabá) por exemplo, a saca está cotada entre R$ 24 a R$ 25.

De acordo com o engenheiro agrônomo Luiz Nery Ribas, gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja –MT), o fato de alguns produtores estarem vendendo a oleaginosa antecipada não se deve exatamente ao fim da crise, mas sim, às expectativas do mercado futuro dos Estados Unidos. “A crise não está superada, o que houve foi uma pequena reação, mas esperamos que para a próxima safra ela já não exista mais”, avalia Ribas.

Nos últimos 30 dias, a cotação da saca de soja subiu aproximadamente 20%. A reação, conforme os especialistas, não diz respeito ao mercado da soja em si, está associada ao mercado de milho e trigo americano. A expectativa geral é de que vai haver, em 2007, uma ampliação da área plantada com esses dois produtos nos Estados Unidos, com a conseqüente redução da área da soja.

Conforme os especialistas, o consumo mundial de milho aumentou, com isso o estoque em todo o mundo de milho deve reduzir cerca de 28% e o de trigo deve cair 20%. Os preços de ambos devem permanecer em alta e a perspectiva é de deslocamento de áreas nos Estados Unidos para essas duas culturas, com reflexos para a soja, o que favoreceria o mercado brasileiro.

O produtor rural e vice presidente da Aprosoja, Nadir Suculotti, avalia como positiva a reação do mercado futuro, porém, há que se ter cuidado. “O mercado internacional está bom, momentaneamente, mas não sei se esse seria o momento de começar a venda do soja, talvez se o produtor esperar um pouco mais pode conseguir um preço ainda melhor”, diz.