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Nacional
Segunda - 25 de Dezembro de 2006 às 11:29

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Inocentado de culpa no episódio mais grave e recente do apagão aéreo, o controle de tráfego aéreo esconde surpresas desagradáveis que podem deflagrar uma nova crise no setor. Com os esforços voltados para conter a insubordinação no Cindacta-1, em Brasília, a Aeronáutica ignorou as pressões e carências que se acumulam no Cindacta-2, em Curitiba, que agravou o caos do final de semana nos aeroportos.

Nesse centro, responsável por todo tráfego aéreo da região Sul e metade de São Paulo, há falta de controladores. No auge do caos, na noite da última sexta-feira, o centro operou com 12 controladores. Na madrugada de sábado, ficou com apenas nove. O mínimo para operar dentro do "normal" são 16 controladores, dois para cada um dos oito "setores" do espaço monitorado.

O resultado foi o controle de fluxo durante a madrugada, especialmente em Guarulhos, Congonhas e Porto Alegre. Nos dias anteriores, a escala também estava limitada, com 14 ou 15 profissionais. Isso causou, em alguns momentos, o agrupamento de setores aéreos, o que reduz pela metade a capacidade de monitorar aviões em determinada região.

Fora isso, o caos ligado às chuvas e à TAM dificultou trabalhos e alguns setores ficaram com até cinco aviões "em órbita", fazendo voltas até obter autorização para seguir adiante.

Na quarta, o vôo TAM 3052, que fazia o trecho de Porto Alegre para Congonhas, se recusou a fazer essa órbita e ameaçou a segurança de outros aviões quando teve de realizar voltas em outro local do espaço aéreo. A Folha teve acesso a registros que documentam esses dados. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) confirmou apenas uma hora de controle de fluxo nesse período.

Além disso, crescem as queixas de equipamento precário e pressões psicológicas que podem colocar a segurança aérea em risco.

O aperto na escala, segundo profissionais de Curitiba, não permite os descansos regulamentares e afeta a concentração. O Comando da Aeronáutica nega dificuldades estruturais no Cindacta-2. Curitiba também já adotou a operação-padrão, no qual o fluxo de aviões é limitado de acordo com as normas de segurança internacionais. O movimento começou em Brasília, após o acidente do vôo 1907, que deixou 154 mortos em 29 de setembro, e foi sentido nos aeroportos no feriado de Finados.

Depois de dois aquartelamentos, queda de comando, ameaças, panes de equipamento e inquéritos, a Aeronáutica anunciou a normalização do Cindacta-1.

Além do endurecimento interno, o governo finalmente transferiu dezenas de controladores de outros Estados para Brasília. E já estuda transferir partes do espaço aéreo controlado na capital para outros centros: Cindacta-2 (Curitiba), Cindacta-3 (Recife) e Cindacta-4 (Manaus).

Segundo controladores, negociações sobre uma gratificação salarial estão em curso, mas não serão aceitas sem o compromisso da desmilitarização da carreira. A Aeronáutica nega as negociações e avalia que o problema "já passou".

"Em Brasília, já conseguimos todos os controladores que precisamos. Temos até stand-by. O que aconteceu foi um problema emocional, que já foi ultrapassado como tempo. O grupo está homogêneo e cooperativo", disse à Folha o comandante de Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, na semana passada.

A assessoria de imprensa da TAM informou que a empresa não tinha até a tarde de ontem registro sobre incidentes com seu vôo 3052 na última quarta-feira. Ela disse que a informação só poderia ser confirmada pelo piloto da aeronave, com quem ela não havia conseguido contato até a conclusão desta edição.





Fonte: Agência Brasil

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