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Presídio histórico será demolido
"Nenhuma utilidade representávamos na ordem nova. Se nos largassem, vagaríamos tristes, inofensivos e desocupados, farrapos vivos, fantasmas prematuros". O relato do escritor Graciliano Ramos em "Memórias do Cárcere" foi vivido no longínquo ano de 1936, nos presídios da Frei Caneca.
Passadas sete décadas, as palavras parecem transcrições fiéis da vida de milhares de homens e mulheres que estiveram atrás das grades dos presídios da Frei Caneca, no Estácio, Rio de Janeiro. Terça-feira, o complexo de 172 anos vai virar pó.
A implosão causa extremas e diferentes sensações nos personagens que por lá passaram. O passeio tem início com caminhada pelas seis galerias dos três pavilhões da Penitenciária Milton Dias Moreira. É manhã de quarta-feira, 20 de dezembro de 2006. Do lado de fora, superesquema de segurança está montado para transportar os 773 detentos que restaram para a desativação do complexo.
Acompanhando a movimentação, o agente penitenciário L., que vigiou as 720 celas da unidade por sete anos, diz que acumulou experiência suficiente para perceber que, no Estácio ou em Japeri, para onde os presos seriam levados, pouca coisa vai mudar em sua vida, além dos gastos de combustível para chegar ao trabalho. Fácil acesso - A história desse inferno, encravado no Centro do Rio de Janeiro, começou mais de 200 anos atrás, em 8 de julho de 1769, quando Dom José I assinou a carta régia para a construção da Casa de Correção da Corte. O local foi estrategicamente escolhido. "Era uma área de fácil acesso para o transporte do material de construção. Tudo podia vir em embarcações que navegavam pelo canal que hoje corta a Avenida Presidente Vargas", explica o historiador Luiz Carlos da Silva, coordenador do setor de pesquisas da Escola de Gestão Penitenciária (EGP).
Do projeto arquitetônico inspirado na obra do inglês Jeremy Benthan, só uma das quatro colunas saiu do papel, em 1834, por ordem de Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, então ministro de Negócios da Justiça. O político, porém, ficou apenas um ano no poder.
"A compra da chácara para a construção do presídio, por 80 contos de réis, teria sido superfaturada. Depois, vieram mais denúncias contra o ministro, dando conta de que ele estava envolvido no tráfico de escravos africanos para trabalhar nas obras. Com isso, a pressão política ficou muito forte e ele acabou derrubado", relata o historiador Carlos Eduardo Moreira de Araújo, doutorando da Universidade de Campinas (Unicamp).
Passadas sete décadas, as palavras parecem transcrições fiéis da vida de milhares de homens e mulheres que estiveram atrás das grades dos presídios da Frei Caneca, no Estácio, Rio de Janeiro. Terça-feira, o complexo de 172 anos vai virar pó.
A implosão causa extremas e diferentes sensações nos personagens que por lá passaram. O passeio tem início com caminhada pelas seis galerias dos três pavilhões da Penitenciária Milton Dias Moreira. É manhã de quarta-feira, 20 de dezembro de 2006. Do lado de fora, superesquema de segurança está montado para transportar os 773 detentos que restaram para a desativação do complexo.
Acompanhando a movimentação, o agente penitenciário L., que vigiou as 720 celas da unidade por sete anos, diz que acumulou experiência suficiente para perceber que, no Estácio ou em Japeri, para onde os presos seriam levados, pouca coisa vai mudar em sua vida, além dos gastos de combustível para chegar ao trabalho. Fácil acesso - A história desse inferno, encravado no Centro do Rio de Janeiro, começou mais de 200 anos atrás, em 8 de julho de 1769, quando Dom José I assinou a carta régia para a construção da Casa de Correção da Corte. O local foi estrategicamente escolhido. "Era uma área de fácil acesso para o transporte do material de construção. Tudo podia vir em embarcações que navegavam pelo canal que hoje corta a Avenida Presidente Vargas", explica o historiador Luiz Carlos da Silva, coordenador do setor de pesquisas da Escola de Gestão Penitenciária (EGP).
Do projeto arquitetônico inspirado na obra do inglês Jeremy Benthan, só uma das quatro colunas saiu do papel, em 1834, por ordem de Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, então ministro de Negócios da Justiça. O político, porém, ficou apenas um ano no poder.
"A compra da chácara para a construção do presídio, por 80 contos de réis, teria sido superfaturada. Depois, vieram mais denúncias contra o ministro, dando conta de que ele estava envolvido no tráfico de escravos africanos para trabalhar nas obras. Com isso, a pressão política ficou muito forte e ele acabou derrubado", relata o historiador Carlos Eduardo Moreira de Araújo, doutorando da Universidade de Campinas (Unicamp).
Fonte:
Terra
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/252275/visualizar/
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