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Nacional
Domingo - 24 de Dezembro de 2006 às 14:51

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O Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, considerado um dos maiores aqüíferos do mundo, deve ficar pronto em 2008, segundo o coordenador nacional e diretor de Projetos de Articulação do Ministério do Meio Ambiente, Júlio Tadeu Kettelhut.

O projeto, que começou a ser elaborado em 1999, passou por diversas fases e está agora na de execução. Conta com um orçamento de US$ 13,4 milhões do Fundo Mundial do Meio Ambiente (GEF) e servirá como base para identificar problemas e propor soluções para a conservação da água do manancial - que cobre uma superfície de quase 1,2 milhão de km². "Está sendo todo desenvolvido em conjunto entre os países abrangidos - Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ", explica Kettelhut.

No Brasil, o Aqüífero Guarani se estende sob os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ele abastece total ou parcialmente mais de 500 cidades brasileiras. Kettelhut avalia a situação da reserva, em geral, como boa, mas diz que é preciso uma conscientização para que todos possam sempre desfrutar do aqüífero. Sobre ele, está instalada uma população estimada em 29,9 milhões de habitantes.

Estudioso do aqüífero desde a década de 70, o pesquisador da Universidade Federal do Paraná Ernani Francisco da Rosa Filho diz que é urgente a necessidade de se fazer um mapeamento definindo as áreas onde existe água potável e onde não há. "Existem locais onde a água só pode ser utilizada para outros fins, como o turismo termal", diz ele.

As altas temperaturas, de até mais de 30ºC, favorecem o uso em balneários e na agroindústria (para despelar o frango). "O Paraná é o único estado que já tem um trabalho de mapeamento mais adiantado, e várias outras iniciativas, como a recuperação das matas ciliares nos pontos de recarga do aqüífero e a fiscalização e monitoramento das áreas de ocorrência das reservas subterrâneas", conta ele. "A elaboração do Zoneamento Ecológico do Paraná faz parte das ações desenvolvidas para garantir o uso correto do aqüífero."

O professor lembra que o uso mais intensivo das águas extraídas do Guarani está concentrado em território brasileiro, com uma maior diversidade de aplicações (abastecimento público, turismo termal, irrigação etc.). Já, nos demais países, o principal uso se baseia no hidrotermalismo com fins recreativos e de hidroterapias. Em Ribeirão Preto (SP), 560 mil habitantes sobrevivem só com as águas do manancial. "Isso demonstra a importância da preservação", diz ele.

Segundo o professor, testes já mostraram que as águas do aqüífero estão armazenadas há algo entre 10 mil e 50 mil anos. "Se elas têm essa idade, nós estamos minerando a água e não estamos repondo o que está sendo retirado. Tem que haver recarga, sob o risco de se acabar com a reserva dentro de alguns anos", diz ele.

Um alerta à população sobre uma possível "crise da água", por meio de uma "campanha permanente" de educação ambiental poderá contribuir para evitar a escassez desse recurso num futuro próximo, na opinião de Rosa Filho.

O pesquisador aponta alguns dados: cerca de 70% da superfície da Terra encontra-se coberta pelas águas, num volume de aproximadamente 1.385.984.610 km³. Deste total, 97,5% constituem-se de água salgada e apenas 2,5% em água doce, ou seja: 1,351 bilhões km3 e 34,6 milhões km³ respectivamente.

Do total do volume de água doce (34,6 milhões km³) do planeta, cerca de 30,2% (10,5 milhões de km³) podem ser utilizadospara a vida vegetal e animal nas terras emersas, pois 69,8% encontram-se nas calotas polares, geleiras e solos gelados.

Dos 10,5 milhões de km³ de água doce, cerca de 98,7% (10,34 milhões de km³), corresponde à parcela de água subterrânea, e apenas 92,2 mil km³ (0,9%) corresponde ao volume de água doce superficial (rios e lagos), diretamente disponível para as demandas humanas, que corresponde a 0, 008% do total de água no mundo.

O geólogo defende ainda a preservação lembrando que o Aqüífero Guarani representa o verdadeiro agente integrador dos países do Mercosul, pois, acima das questões políticas, econômicas e diplomáticas, o manancial une geograficamente Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.





Fonte: Agência Brasil

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