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Nacional
Sábado - 23 de Dezembro de 2006 às 18:27

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O plano já está no papel. Se o país quiser realmente preservar a sua biodiversidade, terá de proteger, em diferentes níveis, mais 2,8 milhões de quilômetros quadrados de terras e 3,4 milhões de mar. E será preciso também implantar com correção as outras áreas prioritárias traçadas anteriormente.

O novo desafio, apresentado nesta semana pelo Ministério do Meio Ambiente, tem uma área geográfica equivalente a pouco mais de quatro vezes o tamanho do Estado do Amazonas, o maior da federação.

"Isso [os mapas das áreas prioritárias] está aprovado. Agora caberá ao próximo governo trabalhar para que todas as áreas prioritárias sejam detalhadas, implementadas e constantemente atualizadas", disse à Folha João Paulo Capobianco, secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.

A aprovação dos mapas, feitos em conjunto com a comunidade científica nos últimos dois anos, ocorreu na reunião da Conabio (Comissão Nacional de Biodiversidade). Os dados ainda devem ser aperfeiçoados no ano que vem, em um seminário para a elaboração do relatório final.

Segundo os estudos já concluídos, o Brasil terá de criar 1.196 áreas de preservação em terra e 104 novas zonas de proteção no mar.

Respectivamente, 43% das regiões secas já identificadas e 57% das marinhas foram consideradas como tendo uma importância "extremamente alta" para a preservação da biodiversidade nacional.

Crescimento "milagroso"

A mesma reunião realizada em Brasília serviu para que o Brasil conhecesse os novos mapas da cobertura vegetal dos seus principais biomas. O que salta aos olhos, de imediato, é o incrível crescimento da mata atlântica, o ecossistema mais destruído no país desde o seu descobrimento.

Em vez dos 6,98% em relação à área original do ecossistema, anunciado no início do mês pelo levantamento da ong paulista SOS Mata Atlântica, o número obtido pelo governo é de 27,44%. Ou seja, a mata atlântica estaria muito mais preservada do que se imaginava.

Antes de qualquer comemoração, é bom que se diga que essa incrível diferença, segundo o governo, deve ser creditada ao método usado pelos dois estudos.

"No mapa da SOS eles mapeam apenas as florestas densas. No nosso caso, o nosso foco é mais amplo. Também estamos considerando os campos de restinga, os manguezais e as áreas que estão em recuperação", explica Capobianco.

O governo, segundo o secretário, não pode excluir as áreas menores ou já impactadas do seu levantamento. "Isso seria equivalente a dizer que essas áreas, mesmo estando em zonas de proteção, poderiam continuar a ser desmatadas", explica.

Em todos os outros casos, os números de remanescentes dos biomas brasileiros estão mais ou menos próximos a outros já bastante conhecidos da comunidade científica. O bioma pantanal, com 88,7% de remanescentes, é o mais preservado de todos.

Ele é seguido pela amazônia (85%), pela caatinga (62,6%), pelo cerrado e pelos campos sulinos (41,3%). "No caso do cerrado ocorreu a mesma coisa. Muitos pesquisadores diziam que áreas usadas para o pastoreio não poderiam entrar nos mapas da cobertura vegetal. Mas resolvemos incluir, pelo mesmo critério usado para a mata atlântica."





Fonte: Folha de S. Paulo

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