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Cidades/Geral
Sábado - 23 de Dezembro de 2006 às 08:28

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Noventa e seis dias de investigação, inquérito policial com 1.400 páginas no volume principal, 31 volumes apensos, quebra de sigilo em 1 milhão de movimentações bancárias, quebra de sigilo telefônico em mais de mil linhas fixas e móveis, 29 pessoas ouvidas e sete indiciadas. Este é o saldo final do inquérito 623/2006 que apurou a negociação do dossiê anti-tucano.

As investigações começaram em 18 de setembro, três dias após a prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos no hotel Ibis, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo (dólares e reais). Eles estavam lá esperando a chegada de Paulo Trevisan, tio de Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia dos sanguessugas. Paulo foi detido no aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, antes de embarcar para São Paulo. Ele levava consigo uma pasta com o que ficou conhecido como dossiê anti-tucano. Nela estavam uma fita de vídeo, um DVD e várias fotos de uma solenidade de entrega de ambulâncias da Planam, adquiridas com dinheiro de emendas do orçamento da União. No evento, ocorrido em Cuiabá, estavam diversos políticos, entre eles o então ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), José Serra.

A idéia, segundo foi apurado pela PF, seria usar o dossiê para apontar um suposto envolvimento de Serra com a máfia das ambulâncias e, com isso, prejudicar sua campanha ao governo de São Paulo. O beneficiado direto disso seria o senador Aloizio Mercadante, que aparecia em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto.

No desenrolar das investigações da PF foram aparecendo nomes muito ligados ao PT, como Hamilton Lacerda, que era coordenador de marketing da campanha de Mercadante. Ele deixou o cargo quando estourou o escândalo. Também apareceram Jorge Lorenzetti, churrasqueiro oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-analista de Risco e Mídia da campanha de reeleição do presidente; Expedito Veloso, ex-diretor do banco do Brasil; e Oswaldo Bargas, sindicalista histórico do PT e amigo de Lula, que chegaram a ser apelidados pelo presidente de "aloprados".

Dos presos com o dinheiro, Gedimar Passos é ex-policial federal e trabalhou como advogado para o PT. Valdebran Padilha era filiado ao PT de Cuiabá e ligado ao secretário geral do diretório regional, Alexandre César, e ao deputado federal Carlos Abicalil.





Fonte: Mato Grosso Online

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