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Internacional
Quinta - 21 de Dezembro de 2006 às 23:59

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Em meio a crescentes e desencontrados rumores sobre o estado de saúde do líder cubano Fidel Castro, o irmão dele e presidente interino de Cuba, Raúl, fez um discurso ontem no qual falou em "abrir paulatinamente o espaço" para as novas gerações e declarou-se favorável ao debate e às divergências. Sem fazer nenhuma menção à saúde de Fidel, a fala de Raúl - no encerramento do Congresso da Federação de Estudantes Universitários - se deu às vésperas da mais importante sessão anual da Assembléia Nacional (Parlamento), que começará amanhã em Havana e deve delinear o programa de governo para 2007.

"Às vezes as pessoas temem o termo discordar, mas eu digo que, quanto mais debate e mais discordância houver, melhores serão as decisões", afirmou Raúl aos estudantes. Num pronunciamento de cerca de meia hora, Raúl disse que irá delegar mais tarefas e fazer menos discursos do que seu "insubstituível" irmão Fidel. "Fidel é insubstituível, a não ser que seja substituído por todos juntos", afirmou, repetindo a declaração que fez em junho, de que o único "herdeiro possível é o Partido Comunista de Cuba". Raúl também ressaltou as diferenças entre seu estilo e o do irmão. "Eu não pretendo imitá-lo. Quem imita, fracassa."

O reconhecimento da necessidade de abrir espaço para políticos mais jovens dá a entender que um novo estilo de governo surgirá em Cuba após a morte de Fidel. "Queiramos ou não, estamos concluindo o cumprimento de nosso dever e temos de dar passagem, paulatinamente, às novas gerações". Aparentando tranqüilidade e usando uniforme militar, Raúl disse que Cuba passa por um momento "histórico".

Fidel, de 80 anos, não é visto em público desde que uma cirurgia de emergência para frear uma hemorragia intestinal - segundo as fontes oficiais - forçou seu afastamento do poder, em 31 de julho, pela primeira vez desde a revolução de 1959. A ausência do líder tem provocado incertezas sobre o futuro do único país comunista do Hemisfério Ocidental, em meio a especulações de que Fidel poderia estar perto da morte. Na semana passada, o chefe dos serviços de inteligência dos EUA, John Negroponte, declarou que a morte de Fidel é "uma questão de meses, não de anos". O regime cubano, no entanto, desmente a versão de que Fidel tenha câncer ou alguma outra doença grave que o tenha levado a um estágio terminal.

Raúl, de 75 anos, apontado como sucessor pelo próprio Fidel, disse que o sistema de partido único vai continuar existindo com ou sem o irmão. Analistas crêem, no entanto, que ele não tem ambição de governar Cuba por tempo indeterminado e vai administrar o país por alguns anos, antes de passar o poder a um sucessor mais jovem.

Durante o mandato interino, Raúl tem criticado a burocracia estatal e a corrupção e tem feito chamados ao regime para "corrigir erros" para enfrentar um plano americano de acelerar a transição na ilha. A ele se atribui a imagem de líder pragmático, que poderia dar um virada na direção de um modelo chinês, de abertura econômica e continuidade política. Ele disse ser a favor do relaxamento do controle estatal da economia. Desde que Raúl assumiu, em julho, jornais cubanos publicaram histórias sobre roubos e corrupção na sociedade socialista cubana.





Fonte: AE/AP

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