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Esportes
Terça - 19 de Dezembro de 2006 às 19:12

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Cobiçada por clubes de vários países e até para se tornar embaixadora da ONU, Marta e seus assessores montam um plano para transformar a jogadora na nova imagem globalizada do futebol feminino nos diversos mercados. Ontem, Marta ganhou o prêmio de melhor jogadora do mundo, com apenas 20 anos. Sua situação internacional se contrasta com a realidade brasileira, onde nem mesmo um campeonato nacional consegue ser organizado.

"O Brasil é o País do futebol masculino. Não o País do futebol feminino", atacou a número um, que é obrigada a viver literalmente em dois mundos bem diferentes quando se trata de sua profissão.

Marta joga desde os 17 anos no Umea, da Suécia, país onde o campeonato nacional é considerado como o mais competitivo do mundo. Lá, vive a vida de uma verdadeira estrela, ainda que dificilmente fosse reconhecida se caminhasse pelas principais ruas das cidades brasileiras. Sua fama chamou a atenção dos agentes de Ronaldo que, há poucos meses, assinaram um contrato com a jogadora. "Estamos montando um plano para desenvolver a imagem da jogadora", afirmou Fabiano Farah, seu assessor, que admite a negociação com empresas para que utilizem a imagem de Marta.

Apenas nas últimas semanas, a meia-atacante recebeu quatro propostas diferentes para mudar de clube, inclusive para os Estados Unidos e Alemanha. Na Suécia, um clube ofereceu dobrar seu salário para R$ 600 mil por ano para a próxima temporada.

A jogadora ainda conta com um contrato com a Puma, e o objetivo de sua assessoria agora é estender esse contrato para a difusão da imagem de Marta em vários mercados, principalmente nos Estados Unidos, país onde o futebol feminino chega a superar o masculino em número de atletas.

"Eles sabem que a Marta é uma grande plataforma de promoção", afirmou Farah. "A Marta é uma grande representante para empresas que queiram atuar em mercados para o futebol feminino", afirmou o assessor, lembrando que ela tem pelo menos mais dez anos de carreira pela frente e que contatos com outras empresas vão começar a ser feito.

Marta, assim, substituiria a americana Mia Hamm como a principal estrela do futebol feminino. E, da mesma forma que os assessores fizeram de Ronaldo um produto global, a mesma estratégia está sendo pensada para a jogadora.

Para Marta, que saiu de Dois Riachos e começou jogando de baixo de pontes ou em córregos secos, a transformação ocorreu de forma rápida. "Esse é mesmo o momento de iniciar essa nova fase", disse. "Mas sou a mesma pessoa de sempre", garantiu. Humilde, Marta afirma que fica feliz cada vez que vê, na Suécia, meninas vestidas com a camisa de seu time e seu nome nas costas.

Outro passo que Marta deve seguir de Ronaldo é o de embaixadora da ONU. Os representantes da jogadora estão em negociações com as autoridades das Nações Unidas para encontrar uma função para Marta, seja no combate à pobreza, ou na defesa dos direitos das crianças e das mulheres.

Outro mundo

Se os projetos para Marta no mundo avançam bem, a jogadora admite que não teria o que fazer hoje no Brasil. "Não tenho planos para voltar para o Brasil agora. O que é que eu vou fazer lá se não tem um campeonato?", disse. "O futuro do futebol feminino a Deus pertence. O Brasil ganhou a medalha de prata na Olimpíada de 2004 e, mesmo assim, nada mudou no País", criticou a jogadora.

"Espero que o troféu que ganhei como melhor do mundo ajude a conscientizar as pessoas. Se nada for mudado no Brasil, as jogadoras continuarão a não ter nem como mostrar o que sabem. Enquanto não houver clubes e um campeonato, a única solução para uma jogadora será sair do Brasil", disse.

Uma das idéias seria a de pedir que o governo destinasse parte da renda da Timemania para o futebol feminino. Outra proposta é ainda a da criação de um incentivo para empresas que queiram investir no esporte. "Se na Suécia há como manter o futebol feminino sem prejudicar o masculino, por que é que não conseguimos no Brasil?", questiona.

Ricardo Teixeira, presidente da CBF, se isenta de qualquer culpa ou responsabilidade. "O Brasil não tem qualquer estrutura para o futebol feminino", afirmou. Para ele, a culpa é dos clubes. "Os times é que precisariam bancar o futebol feminino. Mas isso fica difícil quando pensamos que alguns dos principais clubes do País não contam com dinheiro nem sequer para pagar os salários de seus times principais e que jogam na primeira divisão do campeonato brasileiro", afirmou.

Questionado pela Agência Estado se teria algum plano para desenvolver a modalidade, deixou claro que a solução não virá da CBF. Hoje, a entidade apenas mantém a seleção brasileira com o objetivo de disputar a Copa do Mundo de 2007, na China.





Fonte: AE

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