Revista americana de agronegócio destaca presidente da CNA
A revista americana Southeast Farm Press traz, em edição da semana passada, um perfil da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, senadora Kátia Abreu, onde destaca seu papel de defensora da agricultura moderna no mundo e questiona: “É uma líder destemida o que falta à agricultura dos EUA?”
A matéria conta que o Brasil dividi, hoje, o título de “celeiro do mundo” com os Estados Unidos e mostra o que a presidente da CNA tem feito para mostrar a força da agricultura brasileira.
Leia a tradução da matéria pulicada no blog da revista Southeast Farm Press:
É uma líder destemida o que falta à agricultura dos EUA?
Os EUA ainda são considerados o celeiro do mundo por muitos, mas nos últimos anos temos compartilhado o título com o Brasil, como a indústria de grãos que mais cresce. O mesmo acontece com as empresas de aves e outros animais.
Conforme entramos em um novo ano, a agricultura dos EUA enfrenta um 2013 cheio de oportunidades de crescimento e prosperidade, mas ainda algemado pela falta de apoio do governo e uma infinidade de mal-entendidos públicos.
Nós, na mídia da agricultura, fazemos um excelente trabalho ao contar a nossa história para nós mesmos, mas pecamos ao fazê-lo para aqueles que não estão envolvidos na agricultura. Da mesma forma, associações de agricultores e mesmo fazendeiros, de maneira individual, não fazem um bom trabalho ao contar suas histórias de sucesso para aqueles que estão fora da indústria agrícola.
Coletivamente, somos igualmente inaptos na escolha, apoio e, acima de tudo, na eleição de líderes políticos que ajudarão a remover as correntes das regulamentações governamentais e fornecer os incentivos necessários à agricultura como um todo, para alcançar seu imenso potencial nos Estados Unidos.
Talvez devêssemos olhar para nossos vizinhos do Sul — da América do Sul, e em particular o Brasil, para obter valiosas lições sobre como melhorar nossa situação através de práticas duras na política e nos negócios – para fazermos a coisa certa.
Tomemos o caso de Kátia Abreu, uma política brasileira, agricultora e defensora da agricultura moderna em todo o mundo. Em 1987, Abreu vivia em uma grande fazenda com seu marido e seu mundo se resumia a criar dois filhos pequenos e aguardar ansiosamente a chegada de um terceiro. Apesar de ser casada com um fazendeiro bem sucedido, ela sabia muito pouco sobre agricultura.
Atualmente, ela é senadora pelo Estado do Tocantins e presidente da CNA — Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, uma entidade que reúne 27 federações estaduais, associações rurais e mais de um milhão de produtores.
E ela é firme, por assim dizer, a respeito da agricultura. Na defesa da expansão da agricultura brasileira em direção à bacia Amazônica, ela diz, “Não nos envergonhamos de nada. O importante é que o Brasil aumente sua produção de alimentos.”
Ao invés de se vangloriar sem motivos, ela vem bem armada, com fatos, e está pronta para descarregá-los sobre aqueles que se opõem ao crescimento da agricultura brasileira. Ela é a primeira mulher na liderança do agronegócio brasileiro, setor que representa 24% do Produto Interno Bruto (PIB), emprega 37% da força de trabalho e gera 36% das exportações do Brasil.
Ela defende com firmeza a reestruturação da economia rural brasileira e seu papel em ajudar o governo a garantir a segurança da fonte de renda para os produtores brasileiros. Abreu defende com igual vigor o fortalecimento da livre iniciativa no Brasil. Ela considera indispensável o desenvolvimento no Brasil de uma infraestrutura para o transporte, especialmente portos e hidrovias. A construção no país de oportunidades para todos, em sua avaliação, é feita por uma economia de mercado forte e por mais investimentos em educação.
Abreu possui alguns opositores, especialmente sobre questões ambientais relacionadas ao desmatamento da bacia do rio Amazonas. Mas, até agora, ela se recusou efusivamente a recuar, alegando que a tecnologia permitirá ao Brasil aumentar a produção sem expandir significativamente a área de cultivo.
Entre seus opositores está Christian Poirer, chefe brasileiro da Amazon Watch, localizada na Califórnia. Ele afirma que sua missão de aumentar a produtividade agrícola e rentabilidade dos agricultores, "não está de acordo com o que este bloco de latifundiários representa, que é a expansão da fronteira agrícola".
A amarga luta pela terra foi particularmente acirrada no ano passado, quando ambientalistas e latifundiários se enfrentaram pelo Código Florestal, uma lei de proteção ambiental que foi promulgada em outubro. Agricultores e fazendeiros lutaram muito para acabar com os requisitos que os obrigavam a manter uma grande cobertura florestal em fazendas na Amazônia.
Se isso soa de maneira similar a muitos dos problemas enfrentados pelos produtores norte-americanos, como na expansão da restauração da baía Chesapeake para outros cursos d’água nos Estados Unidos, de fato é. Ao contrário dos contragolpes políticos lançados por grupos agrícolas de apoio aos fazendeiros da área da baía de Chesapeake, Abreu e seu poderoso lobby vão direto ao ponto e continuam a renovar a vida da economia agrícola do país.
Abreu insiste que os agricultores brasileiros devem ser elogiados, e não demonizados. Os grandes agricultores transformaram este país em um celeiro do mundo, que está pronto para alimentar bilhões. Não é apenas retórica política, considerando que o Brasil hoje tem o maior rebanho bovino comercial do mundo e é o maior exportador de soja, suco de laranja, café e aves.
Em visitas a Washington, China e Europa, ela fez palestras para estudantes universitários, fez lobby para aceitação de grãos geneticamente modificados do Brasil e apelo aos investidores. Também construiu uma estreita relação de trabalho com uma das mulheres mais influentes do mundo, a popular Dilma Rousseff, presidente de centro-esquerda.
Rousseff, uma socialista, que ficou presa por vários anos por atividades antigovernamentais, tem sua parcela de críticos também. Abreu aparentemente trabalha igualmente bem com Rousseff, como fez com o ex-presidente Luiz Inácio Lula.
Em 1987, Kátia Abreu não sabia praticamente nada sobre a agricultura, política, economia mundial ou grupos ambientais. Ela era mãe e esperava outra criança naquele ano – o ano em que seu jovem marido morreu em um acidente de avião.
Familiares, amigos - todos lhe pediram para que vendesse sua fazenda. "Não era a coisa certa a fazer pelos meus filhos ou meu falecido marido", diz ela. Então, ela contratou um gerente para a fazenda e mergulhou-se no aprendizado da agricultura, aprendendo rapidamente que a política desempenha um papel vital.
Então, além de ser uma das líderes mais poderosas na agricultura global, Kátia Abreu tem compromisso de fazer aquilo que é correto.
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