Concessionárias prevêem pouca mudança nas estradas
Na avaliação da ABCR, uma eventual transferência de usuários do setor aéreo - que vem passando por uma recente crise - para o rodoviário poderia ocorrer basicamente nas estradas federais não privatizadas, como a Fernão Dias (São Paulo-Belo Horizonte) e Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba), ou nas que a administração passou para a iniciativa privada, como a Presidente Dutra, que tem a concessionária Nova Dutra como responsável e interliga as duas maiores capitais do País (São Paulo e Rio de Janeiro). A associação destacou entretanto que, mesmo que uma grande quantidade de usuários da Ponte Aérea Rio-São Paulo migrasse para a Dutra, o sistema estaria pronto para absorver o adicional.
A análise é compartilhada pela Nova Dutra. De acordo com a concessionária, o movimento de fim de ano é, tradicionalmente, inferior ao do feriado do dia 12 de outubro, quando se comemora o Dia de Nossa Senhora Aparecida. Nesta data, a rodovia recebe, em um só dia, uma quantidade significativa de carros e ônibus de romeiros, vindos tanto de São Paulo como do Rio de Janeiro, de maneira diferente das semanas de Natal e Réveillon, que contam com uma maior quantidade de dias e quando o maior fluxo tem como destino as cidades fluminenses.
"Não acreditamos numa grande migração de usuários do sistema aéreo para o rodoviário, mas, se acontecer, estaremos preparados", afirmou o coordenador de Interação com o Cliente da Nova Dutra, Henrique Bekis, que projeta um número de 460 mil veículos saindo de São Paulo em direção ao Rio de Janeiro e de 235 mil veículos no sentido oposto.
Deste total, de São Paulo ao Rio, seriam 220 mil veículos nos dias que antecedem o Natal e 240 mil no período do Réveillon. Do Rio a São Paulo, seriam 115 mil e 120 mil, respectivamente. Vale dizer que a projeção deste ano da Nova Dutra para o feriado de Nossa Senhora Aparecida foi de 190 mil veículos, apenas no dia 12 de outubro.
A ABCR acrescentou que não tem um número projetado para o fluxo de veículos do final do ano. Quanto ao Índice ABCR de Atividade, produzido pela associação em conjunto com a Tendências Consultoria Integrada, sua utilização como parâmetro foi descartada porque o indicador é dessazonalizado e, assim, não conta com os impactos dos feriados do ano.
Litoral paulista
O litoral paulista está entre os locais que mais recebe paulistanos no Estado durante as festas de fim de ano e, segundo a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, o fluxo projetado deve ficar na média dos últimos anos, mesmo com uma eventual migração de usuários vindos dos aeroportos. O sistema é formado pelas rodovias que levam o motorista à Baixada Santista, como a Anchieta, a dos Imigrantes, a Padre Manoel da Nóbrega e a Cônego Domênico Rangoni (antiga Piaçaguera-Guarujá).
A Ecovias estima que, somente na semana entre o Natal e o Ano Novo, entre 700 mil e 1 milhão de veículos passem pelo sistema. Em 2005, a projeção era idêntica e o balanço final da concessionária mostrou que 906 mil carros passaram pelas estradas.
Na Operação Natal, que começa dia 21 de dezembro e segue até o dia 24, a Ecovias estima que devem descer em direção ao litoral entre 230 e 300 mil veículos, número que, segundo a concessionária, não justifica a implantação de operações especiais de tráfego. No Ano Novo, a contagem terá início no dia 26 e seguirá até o final do dia 1º de janeiro. Durante esse período, devem descer, com destino à Baixada Santista, entre 460 e 710 mil veículos.
Em toda a Operação Verão 2006-2007 da Ecovias, entre os dias 16 de dezembro e 25 de fevereiro, já contando com o carnaval, mais de 4 milhões de veículos devem passar pelas rodovias. Na operação 2005-2006, a concessionária registrou 4 milhões e 400 mil veículos.
Hotéis
Se as concessionárias de rodovias não demonstram preocupação com o impacto da crise aérea, há quem veja a questão com bons olhos. Prova disso é que muitos hotéis próximos à capital paulista já estão com 100% de ocupação e comemoram, obviamente.
O Hotel Fazenda Mazzaropi, em Taubaté, a 130 km da capital paulista, já está com sua ocupação lotada para o final do ano e nos primeiros 15 dias de janeiro. "Nunca tivemos uma ocupação tão antecipada. Neste ano, em novembro já estava quase tudo lotado, coisa que nunca ocorreu antes. Com os 'apagões aéreos' as pessoas realmente resolveram se antecipar mais", afirmou Arthur Ribeiro, gerente do hotel. "Embora tenha prejudicado muitos setores de turismo, para nós, de certa forma, foi bom", complementou.
Um dos sócios da rede Beach Hotel - Maresias e Juqueí - do litoral norte paulista, Sérgio Kellem, disse que o movimento melhorou e que isso pode estar relacionado à crise aérea. "Estamos lotados no final do ano e existe a hipótese, sim, de ter relação com o medo dos paulistanos em ficarem presos nos aeroportos", afirmou.
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