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Internacional
Sábado - 16 de Dezembro de 2006 às 21:08

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O presidente venezuelano, Hugo Chávez, procura depurar e controlar de forma "plena e homogênea" as forças que o levaram à reeleição e impulsionar o modelo socialista com a criação de um partido único, concordaram hoje analistas locais. O "Partido Socialista Unido", anunciado na sexta-feira por Chávez, trará "atritos e resistência" entre os aliados de Chávez, mas finalmente "se imporá", disseram os analistas consultados pela Efe.

Para Luis Vicente León, analista político e diretor da empresa privada "Datanálisis", Chávez "aproveita sua contundente vitória" eleitoral para buscar o "controle homogêneo e sem regas de divisões" das variadas forças governistas.

Segundo sua opinião, o partido único permitirá que o presidente venezuelano se desfaça dos aliados que considerar inconveniente e impulsione seu modelo socialista.

"Não está claro qual é este modelo, mas, na minha opinião, trata-se de um socialismo ''light''. Chávez não está falando de um partido único, como o cubano, mas está anunciando a marginalização de alguns atores nos quais não tem confiança", disse o analista.

León acrescentou que o "Partido Socialista Unido" gerará atritos no Movimento Quinta República (MVR), fundado por Chávez em 1998 para participar das eleições que o levaram ao poder pela primeira vez, e nos grupos minoritários "com vida própria" que o têm apoiado e verão seus poderes minguados ou extintos.

Chávez disse que o MVR "deve passar para a história", e convidou seus aliados a "porem os partidos de lado", ao anunciar a criação da força unitária governista em um encontro com dirigentes de base da coalizão de 24 partidos que apoiou sua reeleição no pleito de 3 de dezembro.

"Se tiver que ficar só, ficarei só, mas criarei um partido novo: convido quem quiser me acompanhar. Os partidos que quiserem, mantenham-se sós mas, claro, sairiam de meu Governo", disse Chávez, reeleito no cargo para os próximos seis anos com mais de 62% de votos.

León disse à Efe que o assunto de unificar forças eventualmente afetará à oposição "porque, no final, também requereria um partido único para poder articular, reduzir os níveis de diferenças internas e enfrentar Chávez".

O analista Fausto Masó assinalou, por sua vez, que a proposta unitária governista "tem um claro fim político, a hegemonia pessoal", e assegurou que essa "tese finalmente se imporá".

"Chávez quer um sistema no qual ele mande com um contato direto com a massa, por isso anunciou o partido unitário em reunião com a base governista", declarou Masó à Efe.

O analista também destacou que "Chávez escolheu o melhor momento" para anunciar o partido único, pois é um "projeto que tem oposição dentro" das fileiras governistas e lhe teria custado votos nas eleições presidenciais passadas.

Há 15 dias, Chávez "precisava de todos os ''chavistas''. Hoje, pode se dar o luxo de dar as costas a alguns", afirmou Masó, acrescentando que o que resta aos governistas que não estiverem de acordo com o partido único "é revelar-se na Assembléia Nacional".

A Assembléia Nacional, de 167 membros, ficou em mãos do oficialismo depois de a oposição ter se retirado das eleições legislativas de dezembro de 2005, por desconfiar do sistema eletrônico de votação.

Desde o início do ano, Chávez promove a criação do partido único para acabar com a "dispersão" na heterogênea coalizão governista.

Setores opositores afirmaram que a idéia demonstraria a suposta inclinação comunista e totalitária de Chávez.

O dirigente do opositor partido Primero Justicia e ex-deputado, Carlos Ocariz, disse à Efe que a criação do partido único governista "evidencia as intenções do Governo de aplacar a dissidência interna", e que a iniciativa irá "debilitar a democracia" venezuelana.





Fonte: EFE

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