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Segunda - 18 de Março de 2013 às 13:33
Por: ISA SOUSA

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Edivaldo de Sá/RN
Doze prefeitos eleitos no ano passado em Mato Grosso correm o risco de ser cassados por processos na Justiça Eleitoral. Os dados são do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) e ainda podem ser atualizados. 


Segundo o órgão, o Estado possui 50 zonas eleitorais e, destas, menos da metade dos cartórios eleitorais – responsáveis por atualizar dados relativos aos candidatos eleitos - encaminhou os dados de seus gestores. 

Ainda assim, os números e os processos chamam atenção: em Tapurah (433 km a Médio-Norte de Cuiabá), por exemplo, o prefeito eleito Luiz Umberto Eickhoff (PDT) acumula 10 ações na Justiça. 

São três os principais tipos: Representação (RP), Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) e Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime). Todas podem levar à perda do mandato, caso sejam julgadas procedentes. 

Os crimes também são os mais variados possíveis: de distribuição de sorvete, sorteio de geladeira, instalação gratuita de água ou energia elétrica a uso dos meios de comunicação de forma indevida. 

“Se formos fazer um estudo mais aprofundado, veremos que é típico da natureza humana, respeitada as exceções, ter uma paixão pelo poder. Infelizmente, vemos no cenário político o perfil do ‘vale tudo por um voto’ e aí entra a compra deles de formas diversas”, disse o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB em Mato Grosso, Sílvio Queiroz Teles. 


Considerado o prefeito mais rico do país, com um patrimônio declarado de R$ 321 milhões, ele possui contra si uma Aije e uma Representação, ambas formuladas pela Coligação Lucas Igual para Todos, rival de seu grupo político. 
Os processados 

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral, os prefeitos com problemas na Justiça são dos seguintes municípios: Lucas do Rio Verde, Juara, Tapurah, Aripuanã, Querência, Canarana, Nova Mutum, Arenápolis, Brasnorte, Santa Terezinha, Nova Horizonte, Itanhangá. Confira: 

Lucas do Rio Verde 

Entre os gestores, o de mais destaque no cenário político é Otaviano Pivetta (PDT), de Lucas do Rio Verde (354 km ao Norte da Capital). 


De acordo com os processos, o pedetista teria feito campanha publicitária na Rádio Publicidade, de sua propriedade, no município, onde distribuiria sorvetes e faria o sorteio de uma geladeira. 

Além disso, a coligação de Pivetta teria realizado uma reunião na comunidade Chácara Bom Jesus, “com intuito de prometer e entregar a instalação da água e energia elétrica com vantagem de obter-lhes o voto”, segundo a ação. 

Juara 

Já em Juara (709 km a Médio-Norte da Capital), o prefeito Oscar Bezerra (PSB), marido da deputada estadual Luciane Bezerra (PSB), teve seu registro indeferido devido a Lei da Ficha Limpa. 

Apesar de constar na lista do TRE, o socialista conseguiu na 27ª zona eleitoral, na semana passada, anular o processo, que agora também será apreciado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Tapurah 

Em Tapurah (433 km a Médio-Norte), o prefeito Luiz Umberto Eickhoff (PDT) é o campeão de processos: são cinco Aijes e cinco Representações. 

Segundo a Tribunal Regional Eleitoral, todas as ações tratam de abuso de poder econômico. 

Em uma delas, o gestor teria oferecido, doado e fornecido a famílias da região, “bens, peças de maquinário e dinheiro mediante pedido de voto”. As ações estão correndo na Justiça. 

Aripuanã 

Em Aripuanã (1.002 km a Noroeste), o prefeito Ednilson Luiz Faitta (PMDB) está com o Registro de Candidatura (Rcand) "sub judice". 

Segundo a Justiça, o prefeito acumula duas ações de impugnação, uma pela Coligação Agora é a Hora do Povo e outra, pelo Ministério Público Eleitoral. 

Prefeito em 2008, Ednilson teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). 

Além disso, o MP avaliou que o gestor realizou “decretação de utilidade pública e desapropriação irregular, sem autorização legislativa, de propriedade particular”. Atualmente, os processos estão em fase de recurso. 

Querência 

Em Querência (945 km a Nordeste), o prefeito Gilmar Reinoldo Wentz (PMDB) enfrenta três processos por captação ilícita de votos. 

Em um deles, o gestor teria feito pesquisa eleitoral e distribuído o resultado de forma gratuita em um jornal. 

Canarana 

Em Canarana (823 km a Nordeste), Evaldo Osvaldo Diehl (PSD) foi eleito e já responde por duas ações, ambas por captação ilícita de sufrágio. 

Nova Mutum 

Em Nova Mutum (264 km ao Norte), o prefeito eleito Adriano Xavier Pivetta (PDT) tem duas Aijes contra ele por abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação social. 

Arenápolis 

No município de Arenápolis (258 km a Médio-Norte), José Mauro Figueiredo (PRB) e seu vice Valdecir Correia (PRB) têm um processo na Justiça Eleitoral. Ambos teriam divulgado pesquisas eleitorais sem apresentarem margem de erro e número de entrevistados. 

Brasnorte 

Em Brasnorte (579 km a Noroeste), o prefeito eleito Eudes Tarciso de Aguiar (PSD) é acusado por captação ilícita de votos. No andamento processual, consta que o gestor foi julgado inelegível pelo prazo de oito anos pelo juiz Vagner Dupim Dias, da 56ª zona eleitoral. 

Consta ainda na ação, a condenação vice-prefeito Nilson Kokojiski, vereador Gilberto Bazzan, bem como Alessandro Rogério de Aguiar e Ricardo Nogueira ao pagamento de multa no valor de R$ 10,6 mil. 

Novo Horizonte 

Na cidade de Nov Horizonte (682 km a Médio-Norte), João Antônio de Oliveira (PSD) tem uma Aije, interposta pelo Ministério Público Eleitoral. Julgada improcedente em primeira instância, o processo se encontra em recurso no Tribunal Regional Eleitoral. 

O prefeito teria praticado abuso de poder político, ante a cessão de máquinas públicas para utilização em propriedades particulares, durante o período eleitoral, em favor de sua campanha. 

Santa Terezinha 

Em Santa Terezinha (1.312 km a Nordeste), Cristiano Gomes e Cunha (PT) é processado da Justiça Eleitoral por suposto abuso de poder econômico. 

Itanhangá 

Emancipada em 2005, a cidade de Itanhangá (475 km a Médio-Norte) já tem problemas na Justiça. O prefeito João Antonio Vieira (PSD) possui duas representações desfavoráveis por captação ilícita de votos. 

Acesso a informação 

Apesar de 12 gestores com problemas na Justiça Eleitoral em Mato Grosso, o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB, Sílvio Queiroz Teles, aponta um cenário positivo para ações contra a compra de votos. 

Segundo o especialista, a judicialização se tornou peça fundamental no processo de acesso a informação e controle.  

“Se há judicalização, significa que cada vez mais as pessoas estão acreditando na Justiça enquanto instituição e ideologia. Cada vez mais está se combatendo a corrupção e isso tem refletido na maturidade e seriedade que a nossa sociedade está vivendo. Os processos, se não levam à cassação, ao menos mudam toda a gestão”, definiu. 

Para o especialista, parcerias como a realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil e o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso no ano passado, que levou a municípios mais longínquos da Capital informações sobre o que é permitido e o que é ilegal durante o período eleitoral, tem sido fundamentais no processo de controle. 

“Hoje temos ferramentas que no passado não tínhamos. Uma reunião suspeita, um político tentando comprar o voto, tudo pode ser gravado, fotografado e filmado. Ficou mais democrático”, disse. 

Por outro lado, ressaltou Queiroz, qualquer ação tem seu efeito colateral. 

“Nesse caso, o efeito colateral é o excesso. Já houve coligações que entraram com mais de 100 ações contra o grupo adversário. Nesse caso, o juiz multou exatamente a coligação que entrou com o processo por falta de provas ou comprovação de atos. O cenário mudou e está mudando e o objetivo é deixar a herança do coronelismo cada vez mais distante”, completou. 

Outro lado 

A reportagem tentou falar com todos os prefeitos, em seus telefones celulares ou ainda em seus gabinetes nas prefeituras. O único a responder foi Otaviano Pivetta. 

Ao MidiaNews, o gestor afirmou desconhecer os dois processos contra ele e informou que seguiu todas as normas apresentadas por sua assessoria jurídica. 

Confira tabela com a relação de prefeitos com problemas na Justiça Eleitoral:

Reprodução






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