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Nacional
Quinta - 14 de Dezembro de 2006 às 14:16

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O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje que pretende ver o comércio Brasil-Rússia saltar de US$ 3,6 bilhões, em 2005, para US$ 10 bilhões, em 2010. Apenas de janeiro a outubro, esse comércio alcançou US$ 3,9 bilhões, com superávit de US$ 2,2 bilhões para o Brasil. A perspectiva foi apresentada para a imprensa ao final de seu encontro com o chanceler russo, Sergei Lavrov, no Itamaraty.

Mas, em um sinal menos estimulante para as trocas comerciais entre os dois países, Lavrov declarou que a eliminação completa do atual embargo russo sobre as importações de carne bovina e suína do Brasil dependerá dos acertos entre técnicos da área sanitária de ambos os países. Sob o pretexto da possível contaminação das carnes brasileiras pela febre aftosa, Moscou mantém as barreiras a esse produto há 14 meses.

Nesta semana, a Rússia anunciou o fim do embargo apenas para as carnes processadas - fato que não gerou impacto sobre as vendas do Brasil, concentradas no mercado de carnes in natura. "Estou certo que é de interesse da Rússia ter no Brasil um forte fornecedor de carnes", afirmou Amorim, ao lado de Lavrov. "A principal barreira que temos no nosso comércio é a mental, da falta de conhecimento e do costume, no Brasil, de olharmos sempre os mesmos parceiros", disse o brasileiro.

Ambos os ministros concordaram que há oportunidades ainda não exploradas de elevação do comércio bilateral e que elas podem se desdobrar na formação de joint-ventures e em investimentos. A Rússia mantém interesse elevado nas obras de infra-estrutura, sobretudo as construções de gasodutos e de ferrovias, em um claro sinal de que está de olho no mercado latino-americano e não exclusivamente no Brasil ou no Mercosul. O próprio Amorim mencionou a possibilidade de a estatal russa Gazprom participar do mercado de gás da América do Sul.

Além disso, Amorim e Lavorv destacaram a negociação em andamento para a compra de helicópteros russos, que poderá ser realizada com investimentos da Rússia no Brasil como contrapartida. Presente à coletiva de imprensa, o ministro da Defesa, Valdir Pires, afirmou que não havia sido informado dessa discussão, que ainda estaria no âmbito do Itamaraty.

Além da elevação do comércio bilateral, ao Brasil interessa a aplicação de um acordo, firmado hoje pelos chanceleres, que permitirá a cooperação da Rússia na área espacial e de lançamento de satélites. Especificamente, esse acordo prevê a utilização de combustíveis líquidos pelo Veículo Lançador de Satélite brasileiro, instalado na Base de Alcântara, no Maranhão.

Do ponto de vista multilateral, Lavrov e Amorim concordaram em buscar maior cooperação entre os países BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) nos foros internacionais. O chanceler russo ainda mencionou a possibilidade de uma atuação conjunta do Brasil e da Rússia nas discussões sobre "modernas ameaças", entre as quais a instalação de armas no espaço sideral.





Fonte: ae

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