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Nacional
Quarta - 13 de Dezembro de 2006 às 16:05

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O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Daniel Lorenz Azevedo, disse hoje que a PF tem evidências de que os pilotos do Legacy foram parcialmente responsáveis pelo acidente com o avião da Gol que fazia o vôo 1907 em 29 de setembro que matou 154 pessoas. "Há evidências e indícios de que os pilotos tiveram uma conduta que contribuiu para o acidente", disse.

Segundo o superintendente, os diálogos da caixa preta do jato comprometem Joe Lepore e Jan Paladino. "Quando os diálogos são confrontados com os dados técnicos do centro de controle do tráfego aéreo, você consegue ter a conclusão que induziu ao indiciamento dos pilotos", afirmou.

Os pilotos foram indiciados na última sexta-feira (8) pelo artigo 261 do Código Penal, que trata do risco ao tráfego aéreo. A pena é de dois a cinco anos de prisão, podendo ser aumentada em um terço por conta das mortes na tragédia. Para a PF, os pilotos foram negligentes ao não perceberam que o transponder (radar de comunicação) do jato estava desligado.

Os indiciamentos dos pilotos estão no relatório parcial que o delegado Ramon Almeida, que comanda a investigação, entregou nesta quarta à Justiça Federal de Sinop, em Mato Grosso. O relatório, além de indiciar os pilotos, resume os 17 depoimentos dados até agora, levanta suspeitas sobre os controladores de vôo, mas ainda não os responsabiliza pelo acidente. Para a PF, a negligência dos pilotos, as falhas de comunicação com as torres e, possivelmente, os erros dos controladores causaram a tragédia. Novos indiciamentos

Lorenz Azevedo confirmou, sem citar nomes, que novas pessoas podem ser indiciadas se a Justiça conceder a prorrogação de 30 dias pedida pela PF. "Há grandes possibilidades de novos indiciamentos de pessoas contra as quais recaem indícios veementes", disse. Segundo o G1 apurou, essas "pessoas" são controladores das torres de São José dos Campos e Brasília.

São dois os fatores que impedem a polícia de indiciar os controladores até o momento. O primeiro é a competência da PF para tomar essa medida. A polícia teme ser contestada pela Justiça Militar, já que os controladores são militares. A dúvida deve ser tirada pelo delegado com a Justiça de Sinop nos próximos dias.

Outro ponto é que a polícia quer ainda ouvir os controladores da torre de Manaus, também relacionada a esses vôos, e concluir as perícias dos diálogos das caixas pretas do jato e do Boeing e da representação gráfica dos vôos. Com esse confronto de informações, acredita a PF, será possível apontar a culpabilidade dos controladores.

A PF não informa nomes no relatório, mas as maiores suspeitas recaem sobre um controlador de São José dos Campos e dois de Brasília. O primeiro teria informado ao Legacy para decolar a 37 mil de São José e permanecer na mesma altitude até Manaus, quando, na verdade, deveria reduzir a 36 mil a partir de Brasília e, num determinado ponto, subir a 38 mil.

Já em Brasília, um dos controladores não teria percebido que o Legacy permanecera a 37 mil, mesma altitude em que viajava o Boeing da Gol na região do acidente. Esse controlador, diz a investigação da polícia, não teria passado essa informação a quem o substituiu na função. Esse último, por sua vez, poderia ter avisado o Legacy ao detectar o erro de altitude.

É nesse ponto, aliás, que entra a perícia que a polícia espera finalizar nos próximos 30 dias para saber qual foi o erro de comunicação entre torres e Legacy. A PF considera os diálogos fundamentais para esclarecer o acidente.

Embora o inquérito não transcorra sobre sigilo, a PF tentará impedir o vazamento diálogos porque um documento da Força Aérea Brasileira proíbe esse que esse tipo de informação seja divulgado.





Fonte: G1

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