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Saúde
Terça - 12 de Dezembro de 2006 às 10:24

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Paris - As éticas médica e jornalística estão em xeque na França. Tiradas no aniversário de um ano do primeiro transplante parcial de rosto bem-sucedido da história, fotografias da paciente Isabelle Dinoire, de 38 anos, foram manipuladas por computador antes de serem oferecidas à imprensa, no início de dezembro. As alterações foram constatadas pela agência de notícias Associated Press (AP) em Paris, e confirmadas pela Assessoria de Imprensa do Hospital de Amiens, onde foram produzidas em 21 de novembro. O jornal O Estado de S. Paulo não publicou tais fotos.

O retrato indica nítidos progressos de Isabelle em relação às suas últimas imagens públicas. De acordo com boletim médico, a paciente apresenta sensível recuperação das funções de mastigação e de elocução - as duas mais comprometidas no pós-operatório.

A imagem impressionou. Isabelle aparenta feições que lembram pouco a mulher apresentada ao público na França em 6 de fevereiro. À época, Isabelle - desfigurada por mordidas de seu cão em maio de 2005 - tinha baixa mobilidade no maxilar e no lábio inferior, com dificuldade para falar. Ainda assim, a cirurgia foi saudada como um avanço científico.

De acordo com seus médicos, a perspectiva era de que com a seqüência do tratamento a reconstrução microscópica de nervos, músculos e vasos sanguíneos resultasse na recuperação quase total da paciente. Era o que a foto de 21 de novembro tentava provar.

Tirada com exclusividade pela assessoria do hospital - medida que visava a reduzir o assédio dos tablóides britânicos à paciente -, a imagem chegou a ser distribuída pela agência France Press. Ao chegar ao escritório da AP, porém, foi reexaminada. Resultado: havia traços de manipulação por meio do software Photoshop.

Os Originais

Traços de retoques no fundo da foto e no cabelo de Isabelle foram suficientes para levantar dúvidas sobre o real estado de saúde da paciente. “Há uma regra elementar no fotojornalismo: ‘Não mexa na foto’. Se a imagem sofre retoque, todos podemos ficar em dúvida sobre sua originalidade”, disse ao Estado o chefe do Serviço de Fotografia do escritório parisiense da AP, Laurent Rebours. Em Nova York, a agência mandou suspender a distribuição da imagem até que seu original fosse obtido. O hospital informou que não havia razão para duvidar da foto, mas que não repassaria o original.

Procurada pela reportagem, a assessoria do hospital, comandada por Elise Grard, confirmou a manipulação, mas assegurou que as alterações se limitaram à “uma tonalidade mais neutra no fundo”. Ontem, o médico Bernard Devauchelle, um dos responsáveis pela cirurgia, desmarcou a entrevista que daria ao Estado.





Fonte: Agência de Notícias

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