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Internacional
Domingo - 10 de Dezembro de 2006 às 11:02

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Os militantes do Movimento para a libertação de Aceh (GAM), que durante mais de três décadas lutaram unidos pela independência da região, se dividiram para as eleições regionais de amanhã, as primeiras desde a assinatura do acordo de paz.

A progressiva transformação dos independentistas da Província de Aceh de um grupo guerrilheiro em uma força política evidenciou as profundas divisões internas e estendeu o temor de possíveis incidentes durante o pleito de segunda-feira, considerado fundamental para o estabelecimento de uma paz duradoura na região.

O GAM, atualmente conhecido como KPA (Comitê de Transição de Aceh) não concorre às eleições como partido político, mas vários de seus membros se apresentam como candidatos independentes, o que evidenciou as divisões entre os guerrilheiros no território e a cúpula política que dirigia o movimento desde seu exílio na Suécia.

"A divisão interna é clara, mas eu acho que o GAM conseguirá se manter unido e não acontecerão rupturas", disse à Efe Maswadi Rauf, analista político da Universidade da Indonésia, em Jacarta.

Segundo Rauf, o problema é que "o pleito vai ser muito apertado, sobretudo para o cargo de governador. Não parece que ninguém vai conseguir atingir os 25% dos votos necessários para evitar que haja um segundo turno".

Cerca de 30 membros do GAM se apresentam aos postos de governador e vice-governador, prefeitos e regentes, que serão escolhidos nas urnas nestas primeiras eleições livres da região.

Depois que o chefe do GAM no exílio, Malik Mahmood, solicitou o apoio para a candidatura de Ahmad Human Hamid e Hasbi Abdullah (este último membro do movimento e irmão de um de seus líderes máximos, Bakthiar Abdullah), a cúpula do grupo se apressou em adotar uma política de neutralidade e anunciou que não tem preferência por nenhum dos candidatos.

A chapa formada por Hamid e Abdulla, que concorrem aos cargos de governador e vice-governador, respectivamente, foi apontada durante a campanha como a mais provável para vencer este pleito, segundo vários analistas políticos.

No entanto, apesar receber o apoio da velha-guarda do GAM, a maior parte dos votos dos ex-combatentes irá para o ex-guerrilheiro Irwandi Yousef, que concorre às eleições acompanhado por Muhammad Nazar, conhecido defensor dos Direitos Humanos, como candidato a vice-governador.

Para Rauf, o fato de os líderes do GAM terem dado liberdade aos membros do grupo para apoiar os candidatos que desejarem suavizará os atritos e evitará que as diferenças provoquem grandes disputas.

Segundo Sydney Jones, diretora do Grupo de Crise Internacional do Sudeste Asiático, em entrevista ao jornal "The Jakarta Post", "é muito comum que aconteçam enfrentamentos dentro dos movimentos guerrilheiros".

"Existe, por um lado, uma diáspora que tem vivido confortavelmente fora do país e o povo de Aceh que arriscou sua vida diariamente e sofreu fortes pressões", disse Jones, acrescentando que, seguramente, chegou "o momento para que uma nova geração assuma o comando".

A cúpula do GAM assegurou que não influirá na orientação do voto e que aceitará o resultado das eleições, independentemente de qual for.

As eleições da segunda-feira atraíram a atenção internacional e contarão com a vigilância de 83 observadores da União Européia (UE), 40 dos Estados Unidos e cerca de 70 mil de distintas organizações locais e regionais.

Glyn Ford, que lidera a Missão de Observação eleitoral da UE, lembrou a relevância deste pleito e assegurou à Efe que as eleições são "absolutamente fundamentais para a paz".

"Se estas eleições forem mal, o processo de paz estará ameaçado", disse Ford, que insistiu em que garantir o estabelecimento da paz em Aceh "é importante não só para a Indonésia, mas também para o resto do mundo".





Fonte: EFE

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