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Nacional
Sexta - 08 de Dezembro de 2006 às 09:21

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno, que ceda aos controladores de vôo e que negocie uma solução para a crise no setor aéreo. Para Lula, o governo "perdeu a batalha" contra os controladores.

Ontem mesmo Bueno já afirmou, durante uma entrevista, que as reivindicações dos controladores são justas --algo que ele ainda não havia feito. Segundo a Folha apurou, Lula teme que a crise se prolongue até os festejos de fim de ano, arranhe ainda mais a imagem de seu governo e estrague a festa de posse do segundo mandato, no dia 1º de janeiro.

No entanto, a vontade manifestada do petista esbarra em problemas sérios na área militar. Oitenta por cento dos controladores de vôo no país são militares, logo não possuem uma representação sindical autorizada pela Constituição.

No vácuo, duas entidades acabam fazendo as vezes desse canal de comunicação. Só que o sindicato dos controladores civis não é visto como representativo entre os militares. Já a Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo legalmente não pode ser reconhecida como ente sindical.

Além disso, o grosso dos controladores de vôo é de sargentos, uma graduação que não os inclui entre os oficiais --ou seja, eles são militares de baixa patente. A tentativa do ministro da Defesa, Waldir Pires, de conversar com a classe foi duramente criticada dentro do comando militar, já que isso representa, na visão deles, uma quebra hierárquica.

Mais uma derrota

Waldir Pires já está desgastado, mas a ordem de Lula é mais uma derrota para Bueno, já alijado do comando prático da crise de aviação. A determinação foi decidida em uma conversa do presidente com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que chefia um "gabinete de crise" a pedido de Lula.

Nas conversas reservadas, Lula afirmou que sua experiência como líder sindical indicava que o governo perdera a batalha para os controladores de vôo. Após dois dias consecutivos de caos, ontem o movimento foi mais tranqüilo nos principais aeroportos do país.

Na avaliação de Lula, será preciso um acordo com os controladores para a crise da aviação não se prolongar até o Natal e o Ano Novo. Isso significa discussão sobre reajuste salarial e condições de trabalho.

Auxiliares do presidente afirmaram à Folha que sua preocupação inicial é resolver o atual caos nos aeroportos brasileiros. A segunda é acabar com a crise de atrasos e cancelamentos de vôos, que já dura dois meses. A terceira: trocar o comando da área na reforma ministerial que ele pretende realizar até o Natal.

Depois do maior acidente aéreo da avião brasileira --o do vôo 1907 da Gol, na tarde de 29 de setembro, no qual morreram 154 pessoas--, os controladores tornaram públicas o que seriam a falta de estrutura e de condições de trabalho para atender ao atual volume de viagens aéreas com segurança e pontualidade.

Antes do acidente, eles alegam ter trabalhado com uma sobrecarga de serviço e aparelhagem defasada para o tamanho desse mercado.





Fonte: 24HorasNews

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