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Nacional
Quinta - 07 de Dezembro de 2006 às 14:46

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O caos nos aeroportos nos últimos dois dias foi a explosão de problemas que existem há pelo menos um ano e meio. Documentos exclusivos obtidos pelo Correio mostram que panes nos radares e gerenciadores de freqüência já são rotina para os controladores de vôo de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá, no Mato Grosso. A reportagem teve acesso aos relatórios de ocorrência elaborados pelos técnicos do 1º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta 1). O diário de ocorrências traz 19 relatórios. Em pelo menos 15 deles, há relatos de supervisores sobre queda de freqüência, pane de radares ou ruídos nas comunicações entre as torres de controle e aeronaves civis e militares.

Em dois relatórios, o risco de choque entre aviões foi apontado. No fim da tarde de 22 de setembro, surgiu no radar do Cindacta 1 a imagem do TAM 3143, que faz a rota Vitória–Rio de Janeiro, sem qualquer indicação de altitude. De acordo com o relato do supervisor, quando descobriu-se o trajeto da aeronave, foi necessária a mudança imediata da rota do avião para que não houve uma colisão com uma aeronave da FAB que voava próximo. Em 9 de outubro, outra ocorrência grave: as aeronaves TAM 3147, que faz a rota Vitória-Confins, e Gol 1894, que percorre o trajeto inverso, passaram a menos de 800 pés uma da outra sem que houvesse um alerta dos radares. A distância está abaixo da recomendada: 1 mil pés. O supervisor do turno preencheu um relatório sobre o risco da aproximação.

O registro de incidente mais antigo é de julho do ano passado, mais de um ano antes de ser deflagrada a crise do setor aéreo, que começou com a queda do avião da Gol depois de colidir com o Legacy da ExcelAire Service, em 29 de setembro, resultando na morte de 154 pessoas. O mais recente é da última terça-feira, dia em que duas panes nos radares do Cindacta 1 causaram cancelamentos de vôos em várias capitais. Em pelo menos um documento de agosto, obtido pela reportagem, há uma observação em tom de desabafo de um controlador: só o acaso explicaria o fato de não ter acontecido, até então, um acidente nos céus do país.

Pane

As panes, de fato, já eram consideradas graves, em julho de 2005. No relatório de um supervisor de turno em Cuiabá, obtido pela reportagem, consta a seguinte observação: “O radar apresentou queda no horário de pico, causando bastante desconforto à equipe. O fato vem ocorrendo constantemente”.

De acordo com um controlador de vôo do Cindacta 1, os documentos de mais de um ano mostram que não há fundamento nas acusações de sabotagem. “Os problemas só apareceram agora porque até então a gente segurava tudo nas costas sem reclamar”, afirma o operador, que pediu para não ser identificado. “Fomos omissos em não alertar sobre os problemas no setor até o momento em que passamos a ser acusados de badeneiros”, disse.

De acordo com funcionários da Aeronáutica, os relatórios são preenchidos a cada turno dos controladores, diariamente, por cada setor do Cindacta 1. Ao todo, são 12 registros por dia. “Os relatórios estão armazenados nos computadores. Ninguém fez nada para corrigir os problemas”, reclama um operador.

Os mesmos problemas são relatados em vários documentos. No boletim de ocorrência de 9 de outubro, há o registro de que o sistema de telefonia não estava funcionando devido a uma pane, ocorrida em 3 de agosto. Em 22 de novembro, outro relatório aponta um defeito grave — a oscilação de imagem do radar —, que já vinha ocorrendo desde 29 de março.





Fonte: 24HorasNews

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