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Empresas aéreas tentam recuperar passageiros
São Paulo - Com uma grande campanha publicitária, a TAM anunciou no fim de semana um novo modelo de classificação de tarifas na tentativa de trazer de volta aos vôos os passageiros perdidos com a crise da aviação. O objetivo da TAM ao anunciar os novos perfis tarifários, segundo analistas ouvidos pela reportagem, é se apresentar ao mercado como uma companhia diferente e afastar as críticas de que ela opera de forma muito similar à concorrente Gol. No entanto, para quem compra passagem de olho no preço, o novo modelo de venda de bilhetes da TAM a aproxima ainda mais da Gol.
Uma das principais diferenças entre as duas é o programa de milhagem, oferecido apenas pela TAM. Com o novo modelo de venda de bilhetes, porém, a TAM reduz a pontuação no programa Fidelidade nas classes tarifárias mais baratas. "Como a Gol não tem os custos do programa de milhagem, para conseguir competir em preço, a TAM está reduzindo os benefícios do programa de fidelidade", avalia um analista do setor.
Os cinco novos perfis de tarifas apresentados pela TAM são, na prática, um agrupamento de 17 classes tarifárias existentes, divididas de acordo com as necessidades de cada passageiro - Promo, Light, Flex, Max, Top.
As classes tarifárias abrigadas sob o nome Light, que antes tinham a pontuação integral, receberão 90% dos pontos. Já a classe promocional (antiga classe X, rebatizada de Promo) acumulará 20%. Para quem voava na classe X na ponte aérea Rio-São Paulo, que acumulava 50% de pontos, isso representa uma perda de 60%. A ponte aérea concentra o maior volume de tráfego e é considerada a rota filé mignon do setor. "A tarifa Promo foi desenhada para concorrer diretamente com a Gol", diz um consultor que trabalha para uma importante companhia aérea. "Mas, como a Gol não dá milhagem, a TAM não quer queimar dinheiro."
Por meio de sua assessoria, a TAM afirma que, para muitos dos outros destinos, incluindo os dos vôos noturnos (corujão), a classe X não dava pontos no Fidelidade, mas agora eles passarão a acumular 20%.
Em entrevista recente, o presidente da TAM, Marco Bologna, afirmou que a empresa aplica uma média tarifária 10% superior à da concorrente Gol e que este é o diferencial máximo de preço que o passageiro brasileiro está disposto a pagar para ter um serviço mais completo. Para atrair e tornar fiel esse passageiro disposto a pagar 10% a mais, a TAM ampliou a pontuação no programa Fidelidade nas classes tarifárias maiores. As classes tarifárias batizadas de Max e Top vão acumular 20% e 50% a mais de pontos. "É uma forma de valorizar quem paga mais", diz o consultor.
No sentido contrário - buscando o passageiro de negócios da TAM - , a Gol lançou na semana passada um programa de fidelização de executivos voltado para pequenas e médias empresas. Apesar de não se caracterizar como um programa de milhagem, o cartão corporativo MasterCard/Banco do Brasil/Gol é um programa de fidelidade ao permitir a acumulação de pontos e conversão dos mesmos em passagens.
Apesar de não ser uma promoção de bilhetes - apenas uma simplificação de regras tarifárias -, a nova campanha da TAM tem surtido efeito, aumentando o interesse do consumidor. "A campanha é muito recente, mas podemos dizer que observamos movimento maior e muitas consultas por parte dos consumidores", afirmou a companhia.
Queda na ocupação
Cálculos preliminares do consultor Paulo Bittencourt Sampaio mostram que a TAM e a Gol - que juntas detêm 80% do mercado doméstico - perderam em novembro 7 e 8 pontos porcentuais, respectivamente, na comparação com a média acumulada no período de janeiro a outubro. As duas registraram 67% de ocupação em novembro, ante 74% e 75%, respectivamente, no acumulado de janeiro a outubro. Na comparação com novembro de 2005, a TAM aumentou sua taxa de ocupação em 1 ponto e a Gol perdeu 5 pontos. Os números oficiais devem ser divulgados nos próximos dias.
"As companhias estão fazendo muito marketing agora para tentar recuperar o passageiro perdido com o apagão aéreo", avalia Sampaio. "Promoções agressivas só veremos a partir de março, quando acabar a alta temporada." Com as encomendas de aviões da TAM e Gol previstas para o primeiro semestre, aliadas a um possível aumento mais agressivo de oferta da Varig, o consultor prevê "uma verdadeira guerra de tarifas lá para o meio do ano".
Fonte:
Agência de Notícias
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/256320/visualizar/
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