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Nacional
Segunda - 04 de Dezembro de 2006 às 14:28

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Segundo o estudo, embora tenha melhorado em termos absolutos (ou seja, na comparação consigo mesmo) na maior parte dos indicadores utilizados, o país progrediu menos do que os demais países avaliados.

O risco soberano, por exemplo, que é o risco de países não pagarem seus credores, seja por dificuldades macroeconômicas ou por decisão política, apresentou melhora nos últimos seis anos – mas o fato de o avanço ter sido inferior ao de outros países avaliados fez o Brasil cair da 2ª para a 4ª posição no ranking que mede esse indicador.

O "Painel de Competitividade 2006" compilou índices desenvolvidos por instituições como Banco Mundial, ONU e Transparência Internacional para compor o que são chamados de os três pilares da competitividade: custo e disponibilidade de capital (no qual entram fatores como risco soberano e taxa real de juros), custo fiscal e institucional (carga tributária e índice de percepção de corrupção, entre outros) e custo operacional, categoria mais ligada à infra-estrutura e às leis que regem o funcionamento das empresas (tempo de abertura, patentes, capacitação de mão de obra, etc).

No índice composto, formado pelos 24 indicadores, o Brasil fica em 4º e último lugar, empatado com o México, apresentando desempenho “especialmente insatisfatório” nos fatores que medem o custo fiscal e institucional e o custo operacional.

"Quando comparados a alguns de nossos principais competidores, mais especificamente Rússia, Índia, China e México, entre o mesmo período (2000 a 2006), apresentamos melhora em apenas dois indicadores, saindo da 5ª colocação para a 4ª (em termos de) leis Trabalhistas e funcionamento da Justiça", afirma o estudo, que em seguida ressalva que em apenas um desses critérios (leis trabalhistas), a melhora se deu por "esforço próprio".

"No caso do funcionamento da Justiça, passamos a Índia, não porque melhoramos, mas porque pioramos menos que esse país."

O estudo foi elaborado por especialistas da Amcham em parceria com a organização Movimento Brasil Competitivo.

Bric-M

Os autores do estudo usam uma avaliação do brasilianista Albert Fishlow, da Universidade Columbia, para justificar a inclusão do México entre os países analisados.

Segundo Fishlow, os mexicanos estão mais aptos do que o próprio Brasil a fazer parte dos grandes emergentes do planeta. Hoje, esta categoria se designa pela sigla Bric, cunhada pelo banco Goldman Sachs para se referir ao Brasil, Rússia, Índia e China.

"Para avaliar a competitividade brasileira, o painel foca além dos parceiros do Brasil no Bric, também o México, formando assim o chamado Bric-M", explica o estudo.

Embora tenha colocado a economia brasileira na mesma posição do seu concorrente latino-americano, o estudo da Câmara Americana de Comércio ressalva que o México apresenta uma leve vantagem em relação ao Brasil.

"Muito mais importante do que a pequena vantagem é a tendência (de melhora mais rápida por parte do México)", afirmou o presidente do Movimento Brasil Competitivo (MDC), José Fernando Mattos, durante o evento em que foi apresentado o estudo na sede da Câmara americana, em São Paulo.

Para comparar os desempenhos dos países por indicador, os autores do estudo criaram três faixas progressivas (vermelho, ou baixo; amarelo, ou intermediário; e verde, ou alto). O Brasil apresenta cinco indicadores na fração alta, nove na intermediária e dez na baixa.

A China, líder no ranking, tem 13 indicadores verdes, seguida pela Índia, com oito, e pela Rússia, com sete.

As variáveis escolhidas para medir a competitividade, explica o estudo, "caracterizam principalmente o ambiente macroeconômico, institucional e legal" nos quais as empresas se inserem, de forma a medir como esse ambiente propicia - ou inibe - desenvolvimento.

Potencial

Segundo os autores, o fato de o Brasil ser o segundo melhor colocado (atrás da Índia) no indicador que mede empreendedorismo mostra que o setor privado tem grande potencial competitivo, mas precisa de "melhores condições para se desenvolver".

O estudo destaca como particularmente negativos fatores como a elevada carga tributária (em 2004, 35% do PIB, a mais alta do Bric-M), a demora no processo de abertura de empresas (152 dias, "muito maior" que no restante dos países Bric-M), e o risco soberano (que, além de ser o pior dos países analisados, exige altas taxas de juros para atrair investimentos).

Os autores defendem um ajuste fiscal "através da maior eficiência do setor público" e maiores investimentos em educação e treinamento profissional, para que o país consiga melhores resultados na produtividade e na capacitação de mão de obra, indicador em que está em penúltimo lugar, ganhando apenas da China.





Fonte: BBC Brasil

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