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Armamento pesado é vendido livremente na fronteira
A fronteira do Brasil com o Paraguai é território livre para traficantes de armas. Pistolas automáticas, fuzis e submetralhadoras podem ser facilmente adquiridos em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã (MS), a 335 quilômetros de Campo Grande (MS).
Para cruzar de um país a outro, basta atravessar a rua. As duas cidades são divididas por uma linha imaginária e não há qualquer sombra de fiscalização sobre veículos e pessoas que circulam pela fronteira. A CPI do Tráfico de Armas apontou Pedro Juan Caballero como uma das 'protagonistas' da rota internacional utilizada por traficantes de armas que abastecem o crime organizado no Brasil.
O 'prestígio' no submundo não é à toa. Na cidade há dois tipos de comércio de armas. No formal, lojas de caça e pesca vendem sem burocracia armas que, no Paraguai, são consideradas de uso civil: revólveres dos calibres 22, 32 e 38, escopetas calibre 12 e pistolas 9 milímetros - esta última, no Brasil, é uma arma de uso exclusivo das forças armadas.
Pela lei paraguaia, para comprar armas ou munição é preciso atender a alguns requisitos: ser cidadão paraguaio, apresentar certificados de bons antecedentes emitidos pela polícia e pelo Poder Judiciário. "Aqui só vendemos armas para uso civil, uma 12 (escopeta) sai por US$ 280. Quem compra geralmente é para deixar em casa ou fazendeiro para dar segurança na propriedade", explica Fábio Peralta, gerente de uma loja em Pedro Juan Caballero.
Na sua loja, o armamento e a munição disponíveis são fabricados nos Estados Unidos e na Europa. O Brasil suspendeu a venda de armas para o comércio paraguaio em 1999. Desde então, os únicos contratos de fabricantes brasileiros com o país estão na polícia e nas forças armadas.
O funcionário teve de interromper a conversa com a reportagem do Terra para atender um freguês que chegava. O homem, provavelmente um brasileiro, a julgar pelo português fluente, comprou um molinete e munição. Pagou R$ 50 por uma caixa com cinqüenta balas para revólver 38 e mais R$ 80 pelas duas caixas com 100 balas de 22. Não apresentou (nem lhe foi pedido) nenhum documento. Quando o cliente deixou a loja, Fábio deu de ombros e pediu para o repórter voltar às 17h de sábado, no final do expediente.
Mercado negro Se dinheiro no bolso é o único requisito exigido para comprar nas lojas do comércio, a regra também vale para o mercado negro, se o interessado tiver bons contatos. A vantagem de comprar diretamente de um traficante está no preço mais baixo e na variedade. "Se tiver o dinheiro, leva", resume Daniel (nome fictício), um ex-integrante da Polícia Nacional paraguaia que hoje atua na clandestinidade.
Ele recebeu a reportagem do Terra para uma conversa de 40 minutos em uma casa da periferia de Pedro Juan Caballero. Segundo ele, uma submetralhadora Uzi, de fabricação israelense, custa US$ 1,5 mil, um fuzil AR-15, fabricado nos Estados Unidos, e o preferido dos traficantes dos morros do Rio de Janeiro, pode custar um pouco mais, entre US$ 3 e 4 mil. O preço varia de acordo com a disponibilidade no mercado.
Um exemplo da funcionalidade do tráfico de armas é a pistola 9 milímetros. Numa loja do comércio, ela custa no mínimo US$ 1,2 mil (R$ 2.750, pelo câmbio praticado na fronteira). Para comprar na surdina, garante a fonte, bastam R$ 1 mil para levar a arma em bom estado de conservação.
"Quem compra é brasileiro, paraguaio é muito difícil, alguma coisa fica aqui, mas a maior parte é para fora mesmo", revelou o traficante. Uma das precauções que toma no seu negócio é não vender para desconhecidos. Ele só vende para pessoas com quem já negociou e que considera de confiança ou para indicados por elas. Assim mesmo, a partir de encomendas, leva algum tempo entre o pedido e a entrega.
O traficante disse que o filé do mercado negro são as marcas européias, como a Luger (alemã) e a Glock (austríaca), mas também há armas de fabricação brasileira. Ele se recusou a falar sobre como o material chega ao Paraguai ou sobre a suposta conivência das autoridades.
Para cruzar de um país a outro, basta atravessar a rua. As duas cidades são divididas por uma linha imaginária e não há qualquer sombra de fiscalização sobre veículos e pessoas que circulam pela fronteira. A CPI do Tráfico de Armas apontou Pedro Juan Caballero como uma das 'protagonistas' da rota internacional utilizada por traficantes de armas que abastecem o crime organizado no Brasil.
O 'prestígio' no submundo não é à toa. Na cidade há dois tipos de comércio de armas. No formal, lojas de caça e pesca vendem sem burocracia armas que, no Paraguai, são consideradas de uso civil: revólveres dos calibres 22, 32 e 38, escopetas calibre 12 e pistolas 9 milímetros - esta última, no Brasil, é uma arma de uso exclusivo das forças armadas.
Pela lei paraguaia, para comprar armas ou munição é preciso atender a alguns requisitos: ser cidadão paraguaio, apresentar certificados de bons antecedentes emitidos pela polícia e pelo Poder Judiciário. "Aqui só vendemos armas para uso civil, uma 12 (escopeta) sai por US$ 280. Quem compra geralmente é para deixar em casa ou fazendeiro para dar segurança na propriedade", explica Fábio Peralta, gerente de uma loja em Pedro Juan Caballero.
Na sua loja, o armamento e a munição disponíveis são fabricados nos Estados Unidos e na Europa. O Brasil suspendeu a venda de armas para o comércio paraguaio em 1999. Desde então, os únicos contratos de fabricantes brasileiros com o país estão na polícia e nas forças armadas.
O funcionário teve de interromper a conversa com a reportagem do Terra para atender um freguês que chegava. O homem, provavelmente um brasileiro, a julgar pelo português fluente, comprou um molinete e munição. Pagou R$ 50 por uma caixa com cinqüenta balas para revólver 38 e mais R$ 80 pelas duas caixas com 100 balas de 22. Não apresentou (nem lhe foi pedido) nenhum documento. Quando o cliente deixou a loja, Fábio deu de ombros e pediu para o repórter voltar às 17h de sábado, no final do expediente.
Mercado negro Se dinheiro no bolso é o único requisito exigido para comprar nas lojas do comércio, a regra também vale para o mercado negro, se o interessado tiver bons contatos. A vantagem de comprar diretamente de um traficante está no preço mais baixo e na variedade. "Se tiver o dinheiro, leva", resume Daniel (nome fictício), um ex-integrante da Polícia Nacional paraguaia que hoje atua na clandestinidade.
Ele recebeu a reportagem do Terra para uma conversa de 40 minutos em uma casa da periferia de Pedro Juan Caballero. Segundo ele, uma submetralhadora Uzi, de fabricação israelense, custa US$ 1,5 mil, um fuzil AR-15, fabricado nos Estados Unidos, e o preferido dos traficantes dos morros do Rio de Janeiro, pode custar um pouco mais, entre US$ 3 e 4 mil. O preço varia de acordo com a disponibilidade no mercado.
Um exemplo da funcionalidade do tráfico de armas é a pistola 9 milímetros. Numa loja do comércio, ela custa no mínimo US$ 1,2 mil (R$ 2.750, pelo câmbio praticado na fronteira). Para comprar na surdina, garante a fonte, bastam R$ 1 mil para levar a arma em bom estado de conservação.
"Quem compra é brasileiro, paraguaio é muito difícil, alguma coisa fica aqui, mas a maior parte é para fora mesmo", revelou o traficante. Uma das precauções que toma no seu negócio é não vender para desconhecidos. Ele só vende para pessoas com quem já negociou e que considera de confiança ou para indicados por elas. Assim mesmo, a partir de encomendas, leva algum tempo entre o pedido e a entrega.
O traficante disse que o filé do mercado negro são as marcas européias, como a Luger (alemã) e a Glock (austríaca), mas também há armas de fabricação brasileira. Ele se recusou a falar sobre como o material chega ao Paraguai ou sobre a suposta conivência das autoridades.
Fonte:
Terra
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/256732/visualizar/
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