Surto de sarampo é maior do país em 6 anos

O surto de sarampo no município de João Dourado (457 km de Salvador) já é o maior dos últimos seis anos no Brasil. Ontem, a Secretaria da Saúde da Bahia confirmou mais oito casos da doença na cidade. São agora dez no total.

Ainda há 13 casos suspeitos sob investigação. Só um adulto, de 37 anos, está entre os casos confirmados. Todos os outros são crianças e adolescentes de oito a 18 anos. Um bebê de nove meses também foi infectado pela doença. Nenhum deles corre risco de morte.

A preocupação do Ministério da Saúde é descobrir o caso índice (aquele que iniciou a transmissão). O Brasil não registra um caso autóctone (contraído no país) de sarampo desde 2001.

A intensa migração de caminhoneiros e bóias-frias para João Dourado é a principal hipótese dos órgãos de saúde, já que o surto está restrito a um bairro na cidade com grande presença de migrantes.

Já foram descartados 14 casos por exames sorológicos. Até ontem, ao menos 10 mil pessoas foram vacinadas.

Para Nilda Nunes Ivo, coordenadora estadual de imunizações, o surto só teve essa dimensão devido à resistência dos homens em receber a vacina tríplice viral --a única forma de prevenção. Dos dez casos confirmados, seis são homens.

Segundo o IBGE, a cidade tem 18 mil habitantes. A secretaria estima, entretanto, que existam 25 mil pessoas hoje no município, o que pode ter furado a previsão de cobertura vacinal da cidade, em torno de 93%.

A transmissão do sarampo ocorre diretamente de pessoa a pessoa, por secreções nasofaríngeas, expelidas ao tossir, espirrar ou falar. Os sintomas são febre, tosse, coriza, dores no corpo e baixa tolerância à luz. As complicações são as otites e as pneumonias.

Em 2000 --um ano antes de o sarampo ser considerado erradicado no país--, foram 36 casos confirmados.