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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quarta - 29 de Novembro de 2006 às 07:48

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Ancara - O papa Bento XVI foi recebido ontem pelo presidente da Turquia, Ahmet Necdet Sezer, no Palácio Çankaya. Depois, reuniu-se com o múfti Ali Bardakoglu, diretor-geral de Assuntos Religiosos e um respeitado estudioso do Islã, que fez duras críticas ao papa por causa da citação, feita em setembro, do imperador bizantino do século 14 que caracterizou os ensinamentos do profeta Maomé como "maus e desumanos". Depois da conversa de uma hora, ambos leram declarações previamente redigidas, enfatizando a necessidade de conciliação entre as duas religiões. O papa começou seu discurso elogiando a Turquia.

"Estou feliz de vir à terra da antiga cultura islâmica”, disse ele, falando em inglês. "É um lugar onde a história pode ser vista através da arte", acrescentou. "Gosto da qualidade dos turcos, quero enfatizar isso." Depois, assumiu um tom semelhante ao de Bardakoglu: "Nosso Criador é o mesmo, nosso objetivo deveria ser o mesmo, e temos uma base cultural e histórica", continuou o papa, que, numa entrevista em 2004 à revista francesa Le Figaro, quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, opôs-se à entrada da Turquia na União Européia (UE) porque o país "sempre representou um outro continente, em permanente contraste com a Europa".

Bardakoglu disse em turco que "precisamos mais de religião agora do que antes, porque a humanidade enfrenta muitos problemas, na educação, na saúde, a crise de confiança, o terrorismo, as guerras e o subdesenvolvimento". "Todos somos filhos de Adão. As duas religiões precisam trabalhar juntas." Em seguida, Bardakoglu soou como se estivesse respondendo à menção do papa a Maomé, que provocou muitos protestos no mundo islâmico, o último deles no domingo, em Istambul, com mais de 20 mil pessoas: "Infelizmente, há uma Islamofobia", disse ele, criando um neologismo. "Acredita-se, no mundo, que os muçulmanos sejam potencialmente violentos e terroristas, mas sem que se tenha pesquisado a respeito. É um preconceito."

Como exemplo de união, Bento XVI citou ontem o papa Gregório VII, que disse, em 1079: "Muçulmanos e cristãos deveriam estar juntos, porque acreditamos no mesmo Deus." Uma nova citação, destinada a marcar uma nova etapa. O papa viaja hoje a Éfeso, a antiga cidade grega onde, segundo a tradição cristã, viveu a Virgem Maria e pregaram os apóstolos Paulo e João. De lá, segue para Istambul, onde se encontrará com o patriarca grego ortodoxo Bartolomeu I - o objetivo principal de sua viagem -, com os patriarcas armênio ortodoxo e sírio católico ortodoxo, e com o grão-rabino da Turquia.





Fonte: Agência de Notícias

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