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Para modelos jovens, anorexia ainda é ameaça distante
O Supermodel Brazil, promovido pela agência Ford Models, foi vencido por Vanessa Cruz, 15 anos, gaúcha de Morro Reuter. Como prêmio, Vanessa vai assinar um contrato de R$ 150 mil com a Ford e representar o país na versão mundial do concurso, em NY. O prêmio do Supermodel of the World, vencido pela brasileira Camila Finn no ano passado, é um contrato de R$ 250 mil com a Ford americana.
A anorexia, assunto incômodo que voltou à tona desde a morte da modelo Ana Carolina Reston em decorrência de complicações ligadas à doença, há duas semanas, assusta, mas ainda parece distante para meninas que, aos 13, 14 anos, estão no auge do seu metabolismo.
"Tem outros modos de emagrecer: ir à nutricionista, ter uma dieta adequada, malhar", afirma Vanessa, 1,72 m e 45 kg.
“Adoro comer. Tenho certeza de que não vou ficar com bulimia ou anorexia”, diz Jessica Alvaristo, que tem 1,72 m e 51 kg.
“O meu scouter (olheiro) acha que estou meio gordinha aqui”, diz, apontando para a barriga. "Ele me dá dicas de como comer, mas de uma maneira saudável”, acrescenta a modelo, que diz controlar o consumo de chocolate e salgadinhos. “Às vezes, eu como. É difícil largar.”
Genética
Algumas não escondem a irritação ao terem de responder questões sobre o assunto. "Nem todo mundo é anoréxico. Tem gente que é magra mesmo", diz Alessandra Albrecht, de 14 anos, que tem 1,80m de altura e pesa 54 quilos.
Já contratada pela Ford, Alessandra acompanhava na segunda-feira os preparativos das meninas que aspiram a ter uma posição como a dela.
Como é comum entre as adolescentes que seguem a carreira, ela mora com outras modelos em São Paulo desde os 12 anos. "Eu vejo as minhas amigas brincando de boneca e eu vendo como administrar o meu dinheiro."
“Tem que amadurecer um pouco mais cedo, mas é o que a gente quer. Tem que lutar por isso”, diz a gaúcha Lovani Pinnow, de 15 anos, uma das finalistas do concurso.
A maior parte das meninas vem de cidades pequenas, com alguns milhares de habitantes, e esperam com a carreira poder ajudar a família com o dinheiro que ganharem nas passarelas.
A finalista do Supermodel Rafaela Link, 13 anos, faz planos de deixar o Rio Grande do Sul e também se mudar para São Paulo, se vencer o concurso.
Rafaela diz que os pais não se preocupam porque sabem que é seu "sonho", mas tem dúvidas de como será a vida sem a mãe, que veio com ela a São Paulo para a final. "Ela faz tudo para mim."
"Disse para ela que pode me avisar se eu estiver exagerando", conta Rafaela, lembrando que Ana Carolina Reston refutava os alertas da mãe quando começou a emagrecer demais.
"Fiquei surpresa. Como pode acontecer com ela, pode acontecer com a gente."
Saúde Modelo
A preocupação com a saúde das modelos fez a agência Ford, que promove o Supermodel, aderir, há seis anos, ao projeto Saúde Modelo, coordenado pelo médico Mauro Fisberg.
Fisberg, que deu uma palestra sobre nutrição às finalistas na véspera do concurso, diz que os distúrbios alimentares costumam aparecer mais tarde, quando a fase de crescimento termina e as meninas passam a ganhar curvas.
"Agora elas estão bem, como todas as adolescentes. A preocupação é com o que vão fazer no futuro para manter esse padrão", diz Fisberg.
Embora se privem de guloseimas consumidas por meninas da sua idade, essas meninas já contam com o metabolismo acelerado - e uma genética favorecida - para manter as medidas baixas.
"Elas estão numa faixa de transição do metabolismo. As variações de abdômen, quadril e seios ocorrem num período muito curto."
Quando morreu, Ana Carolina Reston tinha 21 anos e, com 1,72 m, pesava 40 quilos.
O médico defende que a idade mínima para modelos contratadas seja de 14 anos - no caso do Supermodel, são aceitas meninas a partir de 13 anos.
Alessandra Albrecht, de 14 anos, garante que não vai "estragar o próprio corpo" para se manter nas passarelas, se começar a engordar.
Ainda assim, Fisberg diz que as meninas não têm maturidade emocional para lidar com as pressões da carreira e, por isso, precisam de apoio psicológico da família e de profissionais que conheçam a área de Saúde e o meio.
Segundo o médico, pela profissão, elas estão mais sujeitas do que outras adolescentes a sofrer distúrbios alimentares.
"Infelizmente precisa que alguém morra para que isso seja discutido de forma séria", diz o médico.
De acordo com Fisberg, é impossível precisar qual é a incidência de meninas abençoadas com medidas tão adequadas às passarelas, mas ele próprio chama a atenção para o fato de 650 mil adolescentes terem se inscrito no concurso da Ford.
Por outro lado, o médico diz que mais do que das modelos, a maior pressão sobre as adolescentes "comuns" para que sejam magras vem da televisão. "As atrizes são grandes chamarizes, atingem muito mais a população. Não se pode vilanizar só as modelos", conclui.
A anorexia, assunto incômodo que voltou à tona desde a morte da modelo Ana Carolina Reston em decorrência de complicações ligadas à doença, há duas semanas, assusta, mas ainda parece distante para meninas que, aos 13, 14 anos, estão no auge do seu metabolismo.
"Tem outros modos de emagrecer: ir à nutricionista, ter uma dieta adequada, malhar", afirma Vanessa, 1,72 m e 45 kg.
“Adoro comer. Tenho certeza de que não vou ficar com bulimia ou anorexia”, diz Jessica Alvaristo, que tem 1,72 m e 51 kg.
“O meu scouter (olheiro) acha que estou meio gordinha aqui”, diz, apontando para a barriga. "Ele me dá dicas de como comer, mas de uma maneira saudável”, acrescenta a modelo, que diz controlar o consumo de chocolate e salgadinhos. “Às vezes, eu como. É difícil largar.”
Genética
Algumas não escondem a irritação ao terem de responder questões sobre o assunto. "Nem todo mundo é anoréxico. Tem gente que é magra mesmo", diz Alessandra Albrecht, de 14 anos, que tem 1,80m de altura e pesa 54 quilos.
Já contratada pela Ford, Alessandra acompanhava na segunda-feira os preparativos das meninas que aspiram a ter uma posição como a dela.
Como é comum entre as adolescentes que seguem a carreira, ela mora com outras modelos em São Paulo desde os 12 anos. "Eu vejo as minhas amigas brincando de boneca e eu vendo como administrar o meu dinheiro."
“Tem que amadurecer um pouco mais cedo, mas é o que a gente quer. Tem que lutar por isso”, diz a gaúcha Lovani Pinnow, de 15 anos, uma das finalistas do concurso.
A maior parte das meninas vem de cidades pequenas, com alguns milhares de habitantes, e esperam com a carreira poder ajudar a família com o dinheiro que ganharem nas passarelas.
A finalista do Supermodel Rafaela Link, 13 anos, faz planos de deixar o Rio Grande do Sul e também se mudar para São Paulo, se vencer o concurso.
Rafaela diz que os pais não se preocupam porque sabem que é seu "sonho", mas tem dúvidas de como será a vida sem a mãe, que veio com ela a São Paulo para a final. "Ela faz tudo para mim."
"Disse para ela que pode me avisar se eu estiver exagerando", conta Rafaela, lembrando que Ana Carolina Reston refutava os alertas da mãe quando começou a emagrecer demais.
"Fiquei surpresa. Como pode acontecer com ela, pode acontecer com a gente."
Saúde Modelo
A preocupação com a saúde das modelos fez a agência Ford, que promove o Supermodel, aderir, há seis anos, ao projeto Saúde Modelo, coordenado pelo médico Mauro Fisberg.
Fisberg, que deu uma palestra sobre nutrição às finalistas na véspera do concurso, diz que os distúrbios alimentares costumam aparecer mais tarde, quando a fase de crescimento termina e as meninas passam a ganhar curvas.
"Agora elas estão bem, como todas as adolescentes. A preocupação é com o que vão fazer no futuro para manter esse padrão", diz Fisberg.
Embora se privem de guloseimas consumidas por meninas da sua idade, essas meninas já contam com o metabolismo acelerado - e uma genética favorecida - para manter as medidas baixas.
"Elas estão numa faixa de transição do metabolismo. As variações de abdômen, quadril e seios ocorrem num período muito curto."
Quando morreu, Ana Carolina Reston tinha 21 anos e, com 1,72 m, pesava 40 quilos.
O médico defende que a idade mínima para modelos contratadas seja de 14 anos - no caso do Supermodel, são aceitas meninas a partir de 13 anos.
Alessandra Albrecht, de 14 anos, garante que não vai "estragar o próprio corpo" para se manter nas passarelas, se começar a engordar.
Ainda assim, Fisberg diz que as meninas não têm maturidade emocional para lidar com as pressões da carreira e, por isso, precisam de apoio psicológico da família e de profissionais que conheçam a área de Saúde e o meio.
Segundo o médico, pela profissão, elas estão mais sujeitas do que outras adolescentes a sofrer distúrbios alimentares.
"Infelizmente precisa que alguém morra para que isso seja discutido de forma séria", diz o médico.
De acordo com Fisberg, é impossível precisar qual é a incidência de meninas abençoadas com medidas tão adequadas às passarelas, mas ele próprio chama a atenção para o fato de 650 mil adolescentes terem se inscrito no concurso da Ford.
Por outro lado, o médico diz que mais do que das modelos, a maior pressão sobre as adolescentes "comuns" para que sejam magras vem da televisão. "As atrizes são grandes chamarizes, atingem muito mais a população. Não se pode vilanizar só as modelos", conclui.
Fonte:
BBC Brasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/257697/visualizar/
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