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Denúncia de agressão a criança em SP sobe 26%
São Paulo - As acusações sobre violência doméstica contra crianças e adolescentes dispararam este ano na capital paulista e estão no topo do ranking das ligações feitas ao 191, o Disque-Denúncia. De janeiro a outubro, foram 5.093 chamados, o que representa um aumento de 26% em relação às 3.791 denúncias feitas ao serviço no mesmo período de 2005. De acordo com o Instituto São Paulo Contra a Violência (SPCV), que coordena o 191, os casos de violência contra menores só perdem em quantidade de denúncias para o tráfico de drogas.
Para o Conselho Tutelar de Campo Limpo, na zona sul, entidade que mais recebe casos de violência doméstica em São Paulo, o motivo do aumento é a falta de políticas públicas. "A cada dia se agrava o problema da violência dentro de casa. Para reduzi-la, seria necessário adotar ações preventivas mas, infelizmente, as atuações principais ocorrem só sobre as conseqüências", afirmou a conselheira tutelar da região, Adriana Soares do Santos. O SPCV alega que o crescimento de notificações aconteceu porque as pessoas estão denunciando delitos cada vez mais.
Apesar do número crescente, os especialistas acreditam que grande parte dos crimes nem chega às autoridades. "As pessoas ainda têm muito receio de denunciar, por medo de se tornarem vítima do agressor", disse a Promotora da Infância e Juventude da capital, Sueli Riviera. Segundo a promotora, uma das maneiras de melhorar a notificação dos casos de violência doméstica é incentivar os hospitais a participar mais do processo de denúncias. "É fundamental que os médicos ou qualquer atendente esteja atento. Muitas vezes, o profissional de saúde é a única pessoa de fora do núcleo familiar que tem acesso a um indício de violência caseira."
Notificações
Este ano, as unidades municipais de saúde fizeram 458 notificações de crianças que deram entrada com ferimentos suspeitos. Para melhorar os registros, a Secretaria Municipal de Saúde quer estabelecer um protocolo de atendimento, com foco na identificação de maus-tratos domésticos, inspirado no modelo adotado pelo Hospital Municipal do Jabaquara.
"Estabelecemos um fluxo de pacientes, que envolve a participação desde o recepcionista até o cirurgião. A proposta é mudar o olhar sobre a criança vítima de uma queda ou acidente doméstico", disse a coordenadora do Hospital do Jabaquara, Valéria Trigo Araújo. "As histórias trazidas pelos familiares nem sempre são compatíveis com o quadro clínico apresentado. Um hematoma muito maior do que o tombo descrito pode ser um indício. Não adianta só tratar o sintoma, é preciso saber o que o causou", disse Valéria.
Fonte:
Agência de Notícias
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