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Internacional
Sexta - 24 de Novembro de 2006 às 19:18

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Um homem que parece alto e robusto, vestindo um capuz preto que cobre toda a sua cabeça, entra numa sala branca e começa a depositar sobre uma mesinha seu "arsenal": uma metralhadora, uma pistola e o que parece ser uma faca. Presa a uma parede branca, uma folha de papel exibe diversos risquinhos. O homem encapuzado se dirige a ela e faz mais um: nesse dia, mais um "infiel" morreu.

O encapuzado é Juba, o auto-denominado "Baghdad sniper" ("franco-atirador de Bagdá"), que está fazendo fama na internet ao publicar vídeos com imagens de seus supostos assassinatos.

Juba é o novo "herói" da resistência iraquiana. Seus alvos são os soldados da coalizão que, de acordo com os vídeos, são acertados à distância, quando menos esperam. Nas situações mais comuns, lá está Juba: sua mira precisa atinge o soldado em cheio, ouve-se um barulho de tiro e o corpo cai.

As imagens chocam por sua crueza. Há quem afirme que os vídeos de Juba não passam de montagens. Uma reportagem do jornal francês "Le Monde" publicada na quarta-feira (22) afirma que os filmes começaram a ser distribuídos no final de outubro, na saída das mesquitas.

Não é difícil imaginar porque esse tipo de imagem faz tanto sucesso. Num país arrasado por guerras, em que os direitos civis estão sempre por um triz, a juventude não tem muito o que fazer, a não ser assistir à televisão, ou navegar na internet. Diante da violência que cresce a olhos vistos, a juventude sem perspectiva encontra no franco-atirador uma ponta de orgulho, um fiapo de resistência diante da realidade violenta e de poucos objetivos.

Pesquisando no YouTube, site de divulgação de vídeos mais famoso da internet, o G1 encontrou diversos vídeos atribuídos ao franco-atirador de Bagdá, um dos quais mostra as cenas que citamos no início. Clique aqui para ver.

Nesse vídeo, o suposto Juba começa a escrever em um caderno, em árabe, idéias soltas sobre justiça, resistência e justificativas para seus atos. Juba escreve: "(...) Oh, Nação muçulmana, como podemos desviar nosso olhar daquele que viu sua terra conquistada ainda ontem com o sangue dos nossos antepassados, e que hoje está sendo destruída pelos judeus e cruzadores (norte-americanos). Como podemos comer ou beber ou dormir enquanto nossos irmãos (...) estão enjaulados, (...) Abu Ghraib, Guantánamo e Afeganistão. O que diremos para Allah amanhã quando ele nos perguntar o que fizemos quando o inimigo entrou em nossa terra, destruiu nossas mesquitas, manchou nossa honra?"

A narração se arrasta até ser interrompida por uma seqüência de imagens chocantes em que soldados, possivelmente norte-americanos, são alvejados à distância, sem perceber. Simplesmente, caem de onde estão, ao lado dos tanques, perto das árvores.

Após as cenas de execução, um corte na imagem, e o suposto Juba aparece novamente, com o rosto censurado para não ser reconhecido, continuando seu discurso. O "herói" explica que cada mujahideen (guerreiros muçulmanos) se especializou em um tipo de arma, e que suas tarefas são determinadas pelo Emir de cada brigada. "Os mujahideen começaram a ganhar experiência de batalha", diz Juba.

Um outro vídeo, também disponível no YouTube, mostra mais "feitos" do franco-atirador. O filme, disponível desde o dia 4 de novembro, já foi visto por mais de 9 mil pessoas, e parece ser mais um vídeo de divulgação da rotina do novo herói de Bagdá, com pouco mais de dez minutos de duração. Clique aqui para ver.





Fonte: G1

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