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Repórter News - reporternews.com.br
Esportes
Sexta - 24 de Novembro de 2006 às 15:13

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Imagine jogar futebol com os olhos vendados, apenas escutando o som da bola e as vozes dos companheiros de time pedindo passes e do técnico gritando orientações.

Só assim é possível se ter uma idéia da habilidade necessária e do desafio que significa competir no Campeonato Mundial de Futebol de Salão para Cegos, que começa nesta sexta-feira em Buenos Aires.

Apenas oito seleções se classificaram para o Mundial: Argentina, Brasil, Espanha, França, Inglaterra, Paraguai, Coréia do Sul e Japão.

Os defensores do título são os argentinos, mais conhecidos como "Os Morcegos".

"Nosso objetivo é conseguir ficar com o título, para que a Copa continue a acontecer na Argentina", disse Silvio Velo, capitão da seleção argentina, à BBC.

Como no futebol convencional, a rivalidade dos argentinos com os brasileiros - os campeões anteriores - é a mesma. "Espero que enfrentemos o Brasil e que seja na semifinal ou na final. É essa a partida que as pessoas querem jogar", disse Velo.

Essas estrelas da bola, assim como as outras, também só falam com a imprensa usando frases tipicamente "futebolísticas".

"Estamos tranqüilos. Vamos tratar de fazer um bom mundial, nos preparamos para isso", disse Velo.

Jogar de ouvido

Cada equipe tem cinco integrantes, quatro deles cegos que usam máscaras e correm o tempo todo com a cabeça erguida. O quinto jogador, o goleiro, enxerga.

Os times jogam ao ar livre em dois tempos de 25 minutos, com um intervalo de dez minutos.

A quadra também tem várias particularidades. O campo é de cimento ou azulejo, mede 40 metros por 20 metros e as linhas laterais possuem cercas que servem para guiar os jogadores.

E, diferenterentemente do que acontece nas partidas de futebol comuns, se pede silêncio aos espectadores, como no tênis.

Deste modo, os jogadores podem falar uns com os outros para coordenar os passes e, sobretudo, escutar a bola, que tem chocalhos.

Mas há outras coisas que os jogadores devem ouvir: as orientações do goleiro para a zaga, do treinador no meio de campo e de um "chamador" atrás do gol rival.

Entrosamento

"Não sei se é mais difícil do que o futebol comum, só diria que é muito diferente", disse à BBC José López Ramírez, capitão da seleção espanhola.

"Provavelmente o mais complicado é se posicionar bem no campo, mudar de posição e ficar atendo à situação do jogo o tempo todo."

"O bom é que já nos conhecemos e inventamos que quem tem a bola diz 'minha', 'saímos' ou 'vamos', algo que seja permitido, combinado com o som da bola, para saber quem tem a posse. É importante falar muito", afirmou Ramírez.

Quando um jogador quer marcar um rival, deve gritar "vou" para tornar sua posição conhecida. Um árbitro e um assistente seguem o jogo atentamente.

"Não há muitas faltas e há menos pancadas do que as pessoas imaginam devido ao fato de serem jogadores cegos", diz o capitão espanhol.

Este mundial, o quarto a ser disputado, acontece até 30 de novembro no Centro Nacional de Alto Rendimento Desportivo (Cenard) de Buenos Aires, que tem capacidade para duas mil pessoas.

"Esperamos muitos espectadores porque muita gente na Argentina se encantou com os 'Morcegos' e está interessada em ver o resto das equipes", disse Daniel Hoffmann, um dos organizadores.





Fonte: BBC Brasil

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