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Nacional
Sexta - 24 de Novembro de 2006 às 03:15

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Quatro jovens - dois deles menores de idade - são apontados pela polícia como os responsáveis pelo ataque que terminou com o assassinato da socialite Ana Cristina Giannini Johannpeter, 58 anos, quarta-feira à noite, no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro.

Um dos rapazes - o adolescente M., 17 anos, que, segundo investigações, seria o autor do disparo - foi apreendido pela Polícia Militar no início da tarde desta quinta-feira. Na delegacia, chegou a confessar o crime, depois negou e não foi reconhecido pela filha da socialite, Manoela, 21, que estava com a mãe no carro. Há a suspeita de que o menor tenha mentido para proteger seu irmão, que teria o autor do disparo que matou Ana Cristina.

Ana Cristina era ex-mulher do empresário Germano Gerdau, irmão do presidente do Grupo Gerdau - segunda maior empresa siderúrgica do Brasil e a maior produtora de aço das Américas. Segundo o depoimento da filha, a mãe foi morta porque demorou a tirar o relógio pedido pelos criminosos.

A socialite pressentiu que ia ser atacada, de acordo com o relato da filha. "Ela viu o jovem pelo retrovisor e falou: 'Nós vamos ser assaltadas, Manoela'", contou o advogado João Bittencourt, que acompanhou o depoimento.

"Ela viu um deles, desarmado, abordar o carro. Ele chamou o cúmplice, que estava armado, mas ela não viu o rosto do atirador porque ele estava atrás do que abordou", explicou Bittencourt. "Depois, Manoela ouviu estampido e viu a mãe cair. Ela disse que não viu nenhuma bicicleta", acrescentou o advogado.

Outra testemunha teria reconhecido o menor apenas como participante da ação, mas não como atirador. O rapaz ficou apreendido porque arma semelhante à do crime, um revólver calibre 38 com quatro balas intactas, foi encontrada na casa dele, na Cruzada São Sebastião.

Pouco antes de ser morta, Ana Cristina jantou com Manoela no restaurante Grappa, em Ipanema, da filha Fernanda. Ela fumava com a janela aberta. O tiro, a curta distância, atingiu a narina da socialite e saiu pouco acima da orelha direita, provocando fratura de crânio e perda de massa encefálica.

M. já havia sido apreendido em setembro e, segundo a PM, saiu de uma instituição para menores infratores há 19 dias. Os cúmplices do menor seriam Marcelo Melo Valério, o Bino, 21 anos, e R., 17. A polícia também investiga a possibilidade de M. ter assumido a autoria para proteger o irmão por parte de mãe, Moses Augusto Rodrigues da Silva, 23.

Ligação anônima levou a PM até M., que estava em um apartamento no prédio 5 da Cruzada. "Ele disse que ficou nervoso e atirou. O disparo não foi acidental", afirmou o comandante do 23º BPM, coronel Carlos Eduardo Millan, antes de o menor mudar a versão. v O Mercedes de Ana Cristina foi periciado, mas o projétil não foi encontrado. O veículo será levado a uma concessionária para ser desmontado e revistado.

Flagrado em outro assalto M., 17 anos, que teria atirado na socialite, já foi levado para a delegacia por uma de suas vítimas. Em setembro, a vendedora Zandra Barbosa Oliveira, 24, foi assaltada por ele e mais um cúmplice na Avenida Borges de Medeiros, no Leblon. Zandra perdeu o aparelho mp3.

Depois do assalto, Zandra seguiu para 14ª DP (Leblon). "Queria que ele fosse preso. O inspetor chamou viatura da PM e fui para o local. Ele e o bando continuavam na mesma esquina. Reconheci os dois na hora e seguimos todos para a delegacia novamente", contou a vítima.

A vendedora registrou o crime na esperança de vê-los presos. Saiu da delegacia na manhã seguinte com a sensação de dever cumprido. A intimação para ir ao Juizado de Menores, porém, só chegou há poucos dias e a audiência está marcada para janeiro: "Parece que tudo foi em vão". O juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude, Guaraci Vianna, disse que só falaria hoje sobre o caso.

M. tem uma passagem pela polícia por assalto à mão armada graças ao esforço de Zandra. Seu comparsa R., 17, no assalto à socialite tem seis passagens: três por assalto à mão armada, uma por lesão corporal e uma por ameaça.

Outro que teria participado do assalto a Ana Cristina, Marcelo, registra cinco passagens: duas por assalto à mão armada, uma por tráfico, uma por uso de entorpecentes e uma prisão administrativa.

Vinte seguranças em cerimônia

Ana Cristina foi velada e cremada no Memorial do Carmo, Caju, no fim da tarde de ontem. Cerca de 100 pessoas compareceram à cerimônia. Membros da família Gerdau, de seu primeiro marido, Germano, vieram de todo País, principalmente de Porto Alegre, em aviões particulares e vôos fretados.

Grande aparato de segurança foi montado no Memorial: havia pelo menos 20 homens em veículos blindados e importados acompanhando os quatro irmãos Gerdau Johannpeter. Carros da Polícia Militar deram reforço.

As filhas Germana e Manoela, a caçula, estiveram no Instituto Médico-Legal para cuidar da liberação do corpo, que também foi escoltado até o cemitério. A mãe de Ana Cristina, Emília Giannini, chegou amparada por parentes. Outra filha, Fernanda, que estava em Miami, desembarcou nesta quinta-feira no Rio e foi à cerimônia com o pai.

Amigos ressaltaram a alegria que Ana Cristina transmitia. Moradora do Leblon há três anos, ela havia dispensado o segurança há um mês por acreditar que chamava mais atenção. "Ela não era apegada a bens materiais. Entregaria tudo ao assaltante", comentou uma amiga. "Era uma mulher rica que nunca ostentou. Vim aqui acalentar a Manoela, que é minha amiga e está muito abalada", disse a cantora Preta Gil.

A socialite foi enterrada com vestido de musseline azul e sapatos Louis Vuitton, além de lenço da marca na cabeça, que foi raspada pela intenção de operá-la. O caixão estava sem flores e Germana ficou o tempo todo ao lado da mãe, dizendo: "Estão vendo como ela era linda?"




Fonte: Terra

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