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Internacional
Sexta - 24 de Novembro de 2006 às 00:55

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O famoso ex-espião russo Alexander Litvinenko, internado em Londres há alguns dias em estado grave após um suposto envenenamento, faleceu, anunciou nesta quinta-feira o hospital University College, onde ele recebia tratamento. Ainda não foi divulgada a causa da morte, porém especialistas russos da aérea de espionagem acreditam que Litvinenko, forte crítico do governo do presidente Vladimir Putin, tenha sido envenenado pelo serviço secreto daquele país. A BBC chegou a divulgar notícia, depois desmentida pelo médico que atendeu o ex-espião, segundo a qual radiografias teriam mostrado objetos "densos" no intestino de Litvinenko, que o teriam envenenado.

O espião, pouco antes de morrer, teria revelado a interlocutores que tinha pistas importantes sobre a morte da jornalista Anna Politkovskaia, assassinada em 7 de outubro, em Moscou. Ela, que era crítica da ofensiva russa contra os separatistas chechenos, morreu em circunstâncias também nebulosas.

"Alexander Litvinenko faleceu no hospital University College, às 21h21 (19h21 de Brasília) de 23 de novembro de 2006", informou um porta-voz do hospital, acrescentando que "ele estava doente, quando foi internado no centro médico em 17 de novembro, e a equipe médica fez tudo que estava ao seu alcance para salvá-lo".

Segundo o doutor Geoff Bellingan, responsável pela UTI do University College, a saúde de Litvinenko sofreu uma "deterioração espetacular" nesta madrugada. Já seu amigo e porta-voz Alex Goldfarb disse que o ex-coronel da FSB (ex-KGB), 43 anos, teve uma parada cardíaca.

"Não passará desta noite", chegou a dizer, à tarde, Oleg Gordievski, também ex-coronel da antiga KGB, reiterando à TV sua convicção de que Litvinenko foi envenenado pelos serviços secretos russos. O cineasta russo Andrei Nekrassov, amigo do paciente, declarou que o ex-espião esteve inconsciente durante todo o dia.

Esião teria sido envenenado ao beber chá Após vários dias de incerteza e declarações contraditórias, o doutor Bellingan descartou a hipótese de um envenenamento com tálio. "Estamos convencidos de que a razão do estado de Litvinenko não se deve a um metal pesado como o tálio. Um envenenamento por radiação também é improvável", garantiu o médico.

"Embora tenham sido feitas várias análises, ainda não sabemos claramente qual é a causa de seu estado", completou.

Bellingan classificou de "falsa" a informação de que uma radiografia teria mostrado três pequenos "objetos de matéria densa" nos intestinos de Litvinenko. Segundo o médico, tratava-se de "sombras causadas por um agente terapêutico não tóxico administrado como parte de seu tratamento".

A notícia sobre a presença destes objetos no corpo do paciente, divulgada pela BBC, alimentou todo tipo de especulação conspiratória.

Em 1º de novembro, Litvinenko, um crítico do presidente russo, Vladimir Putin, tomou chá com dois compatriotas, entre eles um chamado "Vladimir", a quem não conhecia, em um hotel no centro de Londres, o Millenium.

Pouco depois, este homem, com asilo político na Grã-Bretanha desde 2001, se encontrou com um "contato" italiano, identificado como Mario Scaramella, em um restaurante.

Seu interlocutor, a quem os mais próximos de Litvinenko desvinculam da suposta trama para acabar com sua vida, entregou-lhe vários documentos ligados ao assassinato, em outubro, em Moscou, da jornalista russa e opositora ao governo Putin Anna Politkovskaia.

Mais tarde, o ex-agente se sentiu indisposto e acabou sendo internado.

A investigação realizada pela seção antiterrorista da Scotland Yard não avançou até o momento e, nesta quinta-feira, um porta-voz disse que a polícia ainda pretende encontrar algumas pessoas para interrogá-las. De acordo com a nota divulgada, a Scotland Yard "investiga como este homem ficou doente".

Dias antes, já tinha, inclusive, falado em "envenenamento aparentemente deliberado".

Nesta quinta-feira, os serviços de inteligência russos voltaram a rejeitar qualquer responsabilidade no episódio. "Não temos nada a ver com este assunto", declarou o porta-voz dos Serviços de Inteligência Exterior, Serguei Ivanov.

Akhmed Zakaiev, representante dos separatistas chechenos, contou na terça-feira ao jornal The Guardian ter encontrado Litvinenko em 1º de novembro e ele lhe disse possuir "informações muito importantes sobre a morte da jornalista russa da oposição Anna Politkovskaia".




Fonte: AFP

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