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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Quinta - 23 de Novembro de 2006 às 11:37

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São Paulo - A vida de executivos à frente de montadoras no Brasil encurtou. Na média, o comando das principais empresas tem sido trocado a cada triênio - isso se a falta de resultados ou a convocação das matrizes para apagar incêndios em outras praças não reduzir ainda mais o prazo, caso do presidente da Ford, Barry Engle. Em anos passados, a direção de uma fábrica de carros ficava nas mãos de um executivo por cinco a dez anos. O Brasil tem funcionado como uma peneira para grandes companhias. Depois de comandar as filiais locais, muitos são chamados para cargos na matriz, outros saem do grupo.

Em dezembro, o brasileiro Marcos Oliveira, 46 anos, assumirá a presidência da Ford, em substituição a Barry Engle. Em 1º de janeiro, o alemão Thomas Schamall, 42 anos, que já trabalhou na Volkswagen do Paraná, passa a comandar a montadora no lugar de Hans-Christian Maergner, que vai se aposentar após três anos de Brasil. Em meados de 2007, pode ser a vez de a GM trazer um novo executivo, embora Ray Young, que também completará três anos no cargo, manifeste intenção de ficar mais. A seu favor, tem o fato de ter alcançado a lucratividade para a operação brasileira, o que não ocorria desde 1997.

Na Fiat, o também brasileiro Cledorvino Belini, na presidência desde 2004, deve permanecer por mais algum tempo, embora seu nome tenha sido citado pela imprensa italiana como um dos candidatos a dirigir a unidade de carros na Itália, cargo que Sergio Marchionne vai deixar em 2007. Outro na lista é Gianni Coda, que presidiu a Fiat do Brasil por três anos e hoje trabalha no grupo na Itália. Seu sucessor, Alberto Giglieno, ficou apenas um ano no País, enquanto Pacífico Paoli e Silvano Valentino ficaram respectivamente seis e dez anos.

A globalização do mercado e a concorrência cada vez mais acirrada no setor, especialmente com a arrancada das marcas asiáticas têm provocado a troca mais rápida de executivos nos grandes conglomerados.

"O mercado automotivo tornou-se um negócio mundial que demanda profissionais flexíveis, com capacidade de trabalhar globalmente, em diversas regiões e diferentes mercados", diz Engle. Ele sucedeu a Antonio Maciel Neto, que ficou no cargo por seis anos. Antes, Ivan Fonseca ficou quatro anos.

Para o sócio da consultoria Korn Ferry, Rodrigo Araújo, o Brasil tem sido rota de passagem e trampolim para executivos do setor automotivo desenvolverem habilidades de administração em países com economias voláteis. Foi assim com a GM, onde três dos quatro últimos presidentes assumiram importantes cargos na matriz. Richard Wagoner, que chefiou a operação brasileira entre 1990 e 1992 passou por diversos cargos e desde 2000 preside a maior montadora do mundo.

Mark Hogan ficou na GM do Brasil por cinco anos, assumiu cargo diretivo na matriz e hoje preside a fabricante de autopeças canadense Magna, onde também está o ex-presidente da Volkswagen, Hebert Demel, outro que ficou no País por cinco anos. Fritz Henderson hoje é o principal homem de finanças do grupo. O chinês/canadense Ray Young chegou em 2004 dizendo que ficaria três anos, mas quer prorrogar sua estadia..

"Há muitas coisas ainda que eu gostaria de fazer", diz ele, cujo futuro pode ser o comando da montadora na América Latina, África e Oriente Médio, hoje nas mãos de Maureen Kempston, que deve aposentar-se.

Segundo Araújo, as montadoras buscam profissionais com habilidade em lidar com a diversidade, imprevisibilidade econômica e acima de tudo que sejam lideranças capazes de colocar projetos estratégicos aliados com a matriz. "Também é importante conhecer o mercado local, pois o Brasil tem características particulares sob o ponto de vista de consumo."

Talvez pensando nessa estratégia a Volks escolheu Schmall para o trabalho árduo que terá de fazer no Brasil. A empresa vai cortar cerca de 6 mil empregos até 2008, numa tentativa de sair do vermelho que mancha seu balanço há oito anos. Schmall é visto pela direção mundial como "garoto prodígio". Ele sai de uma operação pequena na Eslováquia para o terceiro maior mercado da marca, atrás da Alemanha e China.

Em sua passagem pelo Brasil, entre 1999 e 2003, Schmall foi responsável pela área de manufatura da fábrica de São José dos Pinhais (PR). Com sua experiência na área operacional, terá de adotar medidas para baixar o custo de produção da marca, um dos mais altos no setor.

A Volks não confirma mas também devem deixar a empresa em breve o vice-presidente de vendas e marketing, Berthold Krueger, rumo à Espanha, e o diretor da mesma área, Paulo Sérgio Kakinoff, para temporada na Alemanha. (Cleide Silva)





Fonte: Agência de Notícias

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