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Nacional
Quarta - 22 de Novembro de 2006 às 15:36

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Um índice incomum chama atenção dos moradores da cidade de Nuporanga, na região de Ribeirão Preto, a 330 quilômetros de São Paulo. O número de pessoas enterradas no cemitério local é maior do que o número de vivos que residem no município. Enquanto a estimativa do IBGE relativa a julho deste ano indicou 6.635 residentes em Nuporanga, o cadastro da prefeitura revela que 6.671 "habitam" o cemitério.

Em Ribeirão Preto, para uma população de quase 569.651 habitantes, ainda de acordo com a última estimativa do IBGE, não chega a 170 mil o número de pessoas enterradas nos três cemitérios locais - Saudade, Bom Pastor e o de Bonfim Paulista. Ou seja, proporção de um terço de mortos para vivos no município.

Covas A proporção é um pouco diferente em Orlândia. Enquanto a população é de 39 mil habitantes, o número de pessoas enterradas nas 2,9 mil covas do cemitério municipal é de menos de dez mil pessoas. Assim também em Sales Oliveira - pouco mais de dez mil habitantes para menos de três mil enterrados no cemitério.

Orlândia e Sales Oliveira faziam parte do município de Nuporanga até 1910. Foi quando se deu a emancipação de Orlândia. Aliás, no mesmo dia - 30 de março de 1910 - a Vila Orlando foi elevada a distrito, município e sede da comarca, que até então ficava em Nuporanga.

A razão disso está na extensão da estrada de ferro da Companhia Mogiana, cujo traçado, saindo de Ribeirão Preto, passou por Jardinópolis, Sales Oliveira, Orlândia, São Joaquim da Barra, depois outras cidades, enquanto Nuporanga ficou fora desse percurso, mais de dez quilômetros distante.

Golpe fatal Foi um golpe fatal para Nuporanga, que regredia, enquanto os outros municípios da região progrediam. A estrada de ferro tinha o significado de progresso, substituindo o veículo de tração animal, tanto no transporte de pessoas como no de carga, principalmente do café que predominava na agricultura da região.

Em conseqüência, Nuporanga perdeu não apenas a condição de município e de comarca, mas sofreu também um forte esvaziamento econômico e, ainda, populacional. Só anos mais tarde recuperaria sua autonomia e, também, voltaria a ser sede de comarca.

Mas algumas conseqüências do que a cidade sofreu na primeira década do século passado permanecem até hoje, como é o caso de ter a maior população de mortos do que de vivos. Segundo as autoridades de Nuporanga, este quadro logo será mudado, na medida em que, como é normal acontecer, registram-se mais nascimentos do que mortes, e assim a diferença de 36 pessoas que favorece os mortos não vai demorar a se inverter.





Fonte: Terra

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