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Economia
Quarta - 22 de Novembro de 2006 às 14:05
Por: João Carlos M. Caldeira

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Sem muita divulgação na mídia mato-grossense, ao não ser em pequenas notas nos jornais e telejornais locais, Cuiabá foi sede da 1ª Feira Estadual de Economia Solidária, realizada no Campus da UFMT entre os dias 19 a 23.

O evento teve como promotores a Delegacia Regional do Trabalho, através do Fórum Estadual de Economia Solidária e o Instituto Marista de Solidariedade, num espaço de 700 m3, no estacionamento do Ginásio de Esporte da Universidade. Para quem nunca ouviu falar no termo ¨Economia Solidária¨, pode ir se familiarizando com a expressão que será cada vez mais usado em Mato Grosso, pela importância e alcance social e pela vocação natural do estado.

A Economia Solidária busca a geração de renda, a inclusão social e o desenvolvimento justo e solidário de uma parcela marginalizada da sociedade, geralmente pequenos artesãos e produtores rurais ligados à agricultura familiar, à agroindústria familiar e à agroecologia. Cerca de 10% dos empregos e da renda de toda a Europa, são gerados por meio de cooperativas e associações da Economia Solidária.

Atualmente são 541 empreendimentos solidários cadastrados no estado de Mato Grosso, em busca da autogestão e da comercialização direta de seus produtos. O Biodiesel, por exemplo, será responsável nos próximos anos, pela geração de empregos e renda de uma parcela significativa de agricultores familiares espalhados pelo interior do estado.

O presidente Lula esteve no último dia 21, inaugurando a Usina de Biodiesel da Barrácool em Barra do Bugres e sinalizou em seu discurso que os investimentos e atenção do poder público para o setor será maior ainda nos próximos anos. A Barrálcool apesar de ser um grande investimento (somente na ampliação para a produção de biodiesel, foram aplicados 27 milhões de reais), tem como regra comercial, adquirir 10% de toda sua matéria prima, o soja, de agricultores familiares da região, cerca de 600 atualmente.

Existem outras usinas com o mesmo perfil em Primavera do Leste, a Bioleste, em Dom Aquino, a Biobras e diversas outras no interior de Mato Grosso. A Biobras está produzindo biodiesel através do processamento da mamona e do pinhão manso, promovendo a inclusão social de centenas de pequenos agricultores e assentados.

Mas não é só de biodiesel que vive a Economia Solidária em nosso estado. Temos a criação de borboletas para abastecer o borboletário da Estância Ecológica Sés Pantanal em Poconé; na fruticultura temos a produção do abacaxi, da bocaiúva, do caju, da manga e da uva, do coco em diversas regiões.

Produtos orgânicos como o açúcar mascavo, produzido pela Bioagrepa e o melado de cana, o guaraná em pó e a castanha do Pará produzidos pela Cooperagrepa, beneficiam milhares de pequenos produtores de municípios como Alta Floresta, Carlinda, Guarantã do Norte, Matupá, Terra Nova, Nova Guarita, Nova Santa Helena, Novo Mundo e Terra Nova do Norte.

Poderia escrever mais uns 3 artigos somente citando outros produtos da Economia Solidária de Mato Grosso, como as Bambuzeiras São Sebastião de Chapada dos Guimarães e Santo Antônio do Leverger; as Artesãs da Cooperativa Mulheres de Fibra que produzem cerca de 3 mil peças de decoração desde luminárias até porta-retratos; o Núcleo de Bonecas de Pano Dom e Arte de Dom Aquino, etc, etc, etc... . Mato Grosso está a caminho de transformar a Economia Solidária, hoje ¨formiguinha¨, num grande e importante negócio para a geração de renda, de empregos e da inclusão social dos artesãos, pequenos produtores rurais e das comunidades marginalizadas.

Trata-se de uma verdadeira revolução social que está em curso. Preste atenção!

Empresário, jornalista e professor universitário.





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