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Internacional
Terça - 21 de Novembro de 2006 às 22:17

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O ministro libanês de Indústria, Pierre Gemayel, filho e sobrinho de presidentes libaneses, foi assassinado hoje a tiros por três homens armados, que também mataram dois de seus guarda-costas.

A notícia foi comunicada por um grupo de deputados do bloco anti-Síria "Forças do 14 de março" que se manifestou em entrevista coletiva de um de seus aliados, Saad Hariri. O próprio ministro do Interior, Ahmed Fatfat, comunicou a notícia aos presentes, e acusou publicamente o regime sírio de estar por trás do atentado.

No entanto, o Governo sírio se apressou a condenar o atentado, antes de qualquer outro país árabe.

"Este crime terrível tem o objetivo de atentar contra a estabilidade e a paz do povo libanês", afirma a fonte, que destaca "o interesse da Síria na segurança, estabilidade e unidade do Líbano".

O pai do ministro assassinado, Amin Gemayel, presidente do Líbano entre 1982 e 1988, não fez qualquer acusação, e pediu ao povo libanês que não saia às ruas para protestar contra o ocorrido, e que não se deixe levar por sentimentos de vingança.

Pierre Gemayel circulava pelo bairro de Chtaide quando três homens interceptaram o carro e, usando armas com silenciadores, dispararam 24 tiros contra ele, antes de fugir.

A rede de televisão "LBC" mostrou os vidros do carro com várias marcas de bala, e os assentos com manchas de sangue.

O motorista que conduzia o veículo do ministro, também ferido, conseguiu levar Gemayel com vida ao hospital próximo de Saint-Joseph, onde veio a falecer após alguns instantes.

Imediatamente, as televisões libanesas mostraram uma multidão que se amontoava na porta do hospital para tentar ver o cadáver, entre cenas de ira e indignação. O embaixador dos EUA no Líbano, Jeffrey Feltman, foi um dos que visitaram o hospital.

Horas depois, o deputado para assuntos do Parlamento, o também anti-Síria Michel Pharaon, saiu ileso de um atentado cometido por um grupo de desconhecidos que atirou contra o parlamentar no bairro cristão de Achrafie, no centro de Beirute.

Em declarações à rede "Al Arabiya", o grupo xiita Hisbolá - por meio do deputado Hassan Fadallah - também condenou o atentado, e pediu "que não sejam feitas acusações precipitadas".

O pró-Síria Suleiman Franjieh, ex-ministro, acusou o Governo de Fouad Siniora, que há uma semana foi abandonado por seis ministros pró-sirios (cinco xiitas e um aliado do presidente Émile Lahoud).

"Este assassinato só beneficia a maioria parlamentar", disse Franjieh.

A tensão era evidente dentro e fora do hospital. Soldados do Exército libanês ocuparam algumas ruas, interditando-as para evitar manifestações de ira popular.

Na área do Meten (centro), região natal do ministro, o comércio fechou as portas, e alguns manifestantes queimaram pneus em protesto contra o ocorrido.

O presidente Émile Lahoud condenou o atentado, que afirmou ser direcionado contra todos os libaneses. Além disso, anunciou que suspenderia os atos de celebração do dia da independência libanesa, previstos para amanhã, assim como os tradicionais desfiles militares.

O assassinato de Gemayel acontece em um momento no qual as forças políticas pró e anti-Síria estão mais divididas que nunca. Os pró-sirios, liderado pelo Hisbolá, haviam anunciado manifestações nos próximos dias, em protesto contra o bloqueio das negociações por um Governo de união nacional.

Respondendo a essas ameaças de manifestações, o líder da maioria parlamentar anti-Síria, Saad Hariri, dissera hoje: "Os libaneses estão cansados de palavras, só querem levar seus filhos à escola, ter trabalho. Utilizar as ruas para impedir (a instauração de um) tribunal internacional será o maior crime".

Hariri referia-se ao tribunal internacional que deve julgar o assassinato de seu próprio pai, Rafik Hariri, em fevereiro de 2005, uma das principais exigências das forças anti-Síria, que também acusam Damasco de estar por trás daquele atentado.





Fonte: Terra

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