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Nacional
Terça - 21 de Novembro de 2006 às 16:22
Por: Mauricio Munhoz Ferraz

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Se fizermos um exercício de imaginação histórica, voltando ao ano de 1499, no território do que hoje chamamos de Brasil, e somarmos os valores das riquezas produzidas (transformando toda atividade produtiva dos índios em unidade monetária), chegaríamos a um valor do PIB. Simbólico, assim como muitas trocas em economia são simbólicas.

Com a chegada dos portugueses e o início da exploração da madeira, o PIB provavelmente teria dado um salto de, digamos, 2.000%. Quando os portugueses começaram a explorar o ouro, então, pode se imaginar um aumento do PIB na ordem de 1.000%, com relação ao PIB da “economia do pau Brasil”.

Os saltos que a economia brasileira deu estão apresentados no livro “Formação Econômica do Brasil”, de Celso Furtado, e demonstram bem as transições que nossa economia sofreu até o início da década de 1960. Estão também no livro de Furtado as críticas que fundamentam a idéia de que o Brasil nunca produziu riquezas que fossem distribuídas a toda sua população, ao contrário dos Estados Unidos da América.

“Numa economia industrial o investimento faz crescer diretamente a renda da coletividade em quantidade idêntica a ela mesma. Isso porque o investimento se transforma automaticamente em pagamento a fatores de produção... já o investimento feito numa economia exportadora-escravista (hoje a primário-exportadora) tem fenômeno inverso, pois ela se transforma em pagamentos feitos no exterior”, segundo Celso Furtado.

Bom, a diferença que vejo entre o “descobrimento do Brasil”, com a exploração do pau-brasil, e o atual estágio da economia de Mato Grosso, é que os índios daquela época não ficavam entusiasmados com os índices de crescimento do PIB.

Pois, vejam: quando é anunciado que o Estado de Mato Grosso teve um aumento do PIB de 10,2% no ano de 2004, em relação a 2003, vejo muita gente por aqui comemorar tal fato, como se tivéssemos índices de países desenvolvidos.

O que falta ser levado em conta é quem tem ganhado com isso. Creio que, a exemplo do Brasil Colônia, hoje em dia, no modelo primário-exportador da economia de Mato Grosso, são poucos os que ganham. Assim, temos uma economia que concentra renda, pois se os números de 2004 apontam que o PIB per capita em Mato Grosso foi de R$ 10.162,00. Faltou uma análise do porquê o último censo do IBGE, em Cuiabá, por exemplo, ter apontado que 28,72% da população viviam abaixo da linha da pobreza, estabelecida em menos de meio salário mínimo ao mês.

(*) Mauricio Munhoz Ferraz - Consultor da KGM.





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