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Nacional
Terça - 21 de Novembro de 2006 às 08:51

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O uso do GH, o hormônio do crescimento, revitalizou o debate sobre a busca pela beleza e rejuvenescimento. O hormônio tem feito a polêmica crescer: o debate já ultrapassou a esfera médica e chegou à política. A vereadora do Rio de Janeiro Cristiane Brasil (PTB), que adotou o tratamento, garante se sentir melhor e proporá audiência pública com os médicos para se discutir o assunto. Mas endocrinologistas condenam a aplicação do produto com fins estéticos e alertam sobre o risco de desenvolvimento de câncer e de diabetes.

"Acho importante ouvir os dois lados para avaliar os benefícios e conhecer os riscos do uso do GH com esse fim. O debate deve acontecer porque nem todos os modernismos são bons para a saúde, e a população tem direito a esclarecimentos", afirma o deputado Paulo Pinheiro (PPS) , presidente da Comissão de Saúde da Alerj.

Já o presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereador Carlos Eduardo (sem partido), é contra a audiência pública que será proposta por Cristiane. "O que deve ser discutido é o não-fornecimento do hormônio para crianças que necessitam dele para crescer, para ter seu desenvolvimento mental e motor garantido. O Estado, que tem a obrigação de fornecer esse medicamento, o faz de forma descontinuada. A criança recebe o hormônio num mês, mas não sabe se vai receber no outro", afirma.

No Brasil, o hormônio de crescimento não é indicado com fins estéticos. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso do GH é recomendado exclusivamente para o tratamento de doença provocadas pela falta da produção do hormônio, como o nanismo.

"Tem gente que usa em clínica de rejuvenescimento. Não há estudo científico que permita o uso para fins estéticos", observa o presidente da Federação Latino-Americana de Sociedade de Obesidade, Walmir Coutinho. "Há estudos para o uso do hormônio contra a obesidade, mas não é recomendado".

Graves danos Segundo especialistas, o uso do GH sem indicação específica pode desencadear graves prejuízos. "Não se consegue estimular o crescimento de uma célula. O hormônio atinge todas. Uma célula com alteração no DNA, por exemplo, que ficaria com tumor em estado de latência, poderia ser estimulada por hormônio de crescimento", diz a médica Fátima Cardoso, do Hospital de Ipanema.

Já o médico Ronaldo Bufáiçal Filho, que faz o tratamento em Cristiane, diz que não há estudos que comprovem risco de câncer. "Há mais de 20 mil trabalhos científicos sobre o hormônio, sem comprovação que cause câncer. Não recomendo quem tem doença maligna ativa. O câncer é a quarta ou quinta causa de morte. Os hormônios previnem outras doenças. Fazer a modulação causará aumento de 0,15 na mortalidade total. É ínfimo. Mas previne várias doenças", explica.

Vereadora otimista A vereadora Cristiane Brasil, 32 anos, não teme os alertas sobre a possibilidade de desenvolvimento de câncer. "A reposição hormonal ocorre com substância natural. Não é nada sintético. São hormônios feitos no organismo", ressalta ela, que procura manter alimentação saudável, com frutas, verduras e legumes.

"Não fumo, não bebo, me alimento muito bem, faço exercícios, busco vida saudável. Quero chegar à velhice na melhor forma. Quero ser o exemplo da minha geração", assinala.

Cristiane garante estar com tudo em cima desde que passou a se tratar com a modulação hormonal, com o uso do GH. "A parte estética está em segundo plano para mim. Busco outros benefícios. Participei da última campanha política de forma mais disposta e saudável. Pude focar melhor nos assuntos, me concentrar", diz Cristiane, que não se elegeu deputada.

A vereadora, filha de Roberto Jefferson, destaca que os resultados do tratamento a motivaram. "O cabelo cresceu mais. Minhas unhas ficaram mais bonitas. O GH é um dos muitos hormônios que nosso organismo produz", ressalta.

Cristiane conta que o tratamento deve ser feito com especialista e não aplicado por qualquer pessoa. Chamou de tendenciosa a forma como o assunto tem sido tratado. "O mais interessante é a polêmica criada. A possibilidade de discutirmos o assunto e mostrarmos ao público os prós e os contras apontados pelos médicos", argumenta.

Para a vereadora, a discussão contribuirá para se alcançar uma vida saudável. "Realmente acredito no que estou fazendo. Não é tratamento para a rede SUS. Mas quem puder, deve fazer", observa ela.

Médicos divergem sobre riscos Pele mais bonita, cabelos sedosos, menos gordura e mais massa muscular são algumas das promessas da modulação hormonal. "A modulação tem como objetivo, através de exames clínicos, físicos e laboratoriais, detectar as pausas hormonais humanas. Existindo uma deficiência desses hormônios, é recomendada a modulação, com o objetivo de se atingir as concentrações hormonais de um adulto jovem, de 20 e 30 anos", afirma o clínico-geral Ronaldo Bufáiçal Filho, que indica o tratamento. "Cada um tem o seu diagnóstico para o uso. Não é como uma receita de bolo", avisa.

A médica Fátima Cardoso não concorda. "Uma pessoa com 50 anos, por exemplo, não pode querer ter a mesma quantidade de hormônio de crescimento que tem um jovem de 20 anos. Isso não é garantia de saúde. Muito pelo contrário, pode ser um veneno para as células", alerta, acrescentando que esse tipo de reposição deve ser usada apenas com a indicação específica, porque mexe com o metabolismo das células e pode provocar alterações como crescimento do fígado.

Afirmando não se importar com as opiniões contrárias, Bufáiçal diz que seu método diminui o hormônio do estresse, melhora a função cardíaca e renal e aumenta a imunidade, entre outros. "Adoro a polêmica. Sem dúvida, antes de usar tem de medir através do sangue se existe deficiência. A medicina tradicional trabalha com níveis normais dos hormônios. Nós trabalhamos com níveis ótimos, que são os dos jovens", diz ele, referindo-se à Medicina Antienvelhecimento Bufácial admite que há o mercado negro para se comprar o produto. E conta que por mês o tratamento custa entre R$ 500 e R$ 2 mil.





Fonte: O Dia

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