Mistura de álcool na gasolina poderá voltar a 25%
"Primeiro vamos verificar qual a previsão de estoque de álcool para o final da safra. Saberemos isso em janeiro. Se os estoques forem de 800 milhões a 1 bilhão de litros, vamos liberar a mistura para 25%", afirmou o ministro.
Desde ontem, as distribuidoras elevaram a adição de anidro na gasolina vendida em todo o País. A mudança atendeu ao pedido da União da Agroindústria Canavieira (Unica), entidade que representa o setor.
Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, o aumento da mistura permitirá que os usineiros vendam mais 60 milhões de litros por mês. O setor insiste em que a oferta de álcool no mercado nacional já permite a volta dos 25% de álcool na gasolina. Rodrigues garantiu que o Brasil não voltará a enfrentar a escassez ou o descontrole dos preços como ocorreu na última entressafra.
De acordo com Rodrigues, o aumento da produção em 1,5 bilhão de litros, a redução da sonegação e a elevação do custo do produto no varejo em relação ao ano passado reduziram a demanda. "Não teremos uma entressafra como a que tivemos."
O setor sucroalcooleiro quer recuperar o mercado que perdeu. Para Rodrigues, a volta dos 25% na mistura seria mais uma garantia para os atuais níveis de preços. Isso assegura os investimentos na expansão do parque produtor de etanol.
Queda de preço
O preço da gasolina deve cair entre R$ 0,02 e R$ 0,04 por litro até o fim desta semana. Como o álcool é mais barato do que a gasolina, o preço tende a cair em São Paulo entre 1,25% e 1,68%.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo, José Alberto Gouveia, disse que a queda não será imediata. Os postos aguardarão a entrega de novas remessas do combustível.
"Isso deve ocorrer entre dois e cinco dias. Só vamos repassar a redução até quatro centavos se recebermos o produto com preço menor", afirmou Gouveia. Ele não descartou a possibilidade de essa redução ser perdida no caminho entre as usinas produtoras de álcool e as distribuidoras.
Alísio Vaz, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), afirmou que, embora o custo caia, não há garantias de que todas as companhias reduzirão o valor da gasolina.
"O custo para cada distribuidora reduz, mas o preço é uma política de cada empresa. É provável que algumas (distribuidoras) baixem o valor da gasolina, mas é impossível saber quais", disse Vaz.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que faz levantamento semanal do preço entre usinas e distribuidoras, aponta duas razões para a queda no valor da gasolina nos postos. De acordo com Miriam Bacchi, pesquisadora dos mercados de álcool e açúcar do Cepea, além da elevação da mistura, o preço do álcool comprado pelas distribuidoras caiu na última semana.
Segundo o Cepea, o álcool anidro (usado para a mistura) valia R$ 0,85204/litro na semana passada, queda de 1,32% em relação ao preço anterior. O álcool hidratado, usado como combustível, baixou 1,25%, para R$ 0,74903.
"O Cepea não endossa essa avaliação de queda de até quatro centavos no preço da gasolina, mas avalia que há condições sim para a redução do valor na bomba", diz.
Se chegar mesmo ao consumidor, a economia gerada pelo aumento da mistura de álcool na gasolina será mínima, em termos absolutos. Para cada tanque de 45 litros, o consumidor vai economizar entre R$ 1,35 a R$ 1,80.
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