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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 21 de Novembro de 2006 às 00:17

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A News Corp. anunciou hoje que cancelou a publicação do livro e a transmissão de entrevistas em que o ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson explica como teria assassinado sua ex-mulher e o amante dela se fosse o culpado pelas suas mortes. Rupert Murdoch, presidente da News Corp., proprietária da editora HarperCollins e da rede de televisão Fox, reconheceu hoje que o projeto era "infeliz" e se desculpou pela dor causada às famílias das vítimas.

Várias filiadas da Fox decidiram não transmitir o programa especial no qual Simpson fala em termos hipotéticos sobre seu papel nos assassinatos. Simpson, protagonista de um julgamento por assassinato que hipnotizou o país, há 11 anos, voltou a ser o centro das atenções da imprensa com a entrevista e o livro, intitulado "If I did it" ("Se eu fizesse").

O texto descreve "como teria executado os assassinatos que nega veementemente ter cometido", segundo a editora. O argumento causou perplexidade e repulsa. "Perderam a cabeça? Não posso imaginar algo mais ridículo", disse John Burris, um advogado de Oakland (Califórnia) que fez parte da equipe de defesa que conseguiu salvar a pele de Simpson, em 1995.

Os parentes das vítimas, Nicole Simpson e o garçom Ronald Goldman, lançaram um site (www.dontpayoj.com) para recolher assinaturas contra o ex-jogador, a editora e a Fox. O "julgamento do século" se tornou um circo midiático sem precedentes, despertou o fantasma do racismo e criou sérias dúvidas sobre o funcionamento do sistema judicial americano. As enquetes mostraram que a maior parte dos americanos brancos achava que Simpson era culpado, enquanto a maioria dos negros acreditava na sua inocência.

Um júri de maioria negra isentou o réu de responsabilidade criminal após um processo de um ano que se tornou um espetáculo. Um ano e meio depois, outro júri, de maioria branca, que estudava sua responsabilidade econômica, condenou o astro a pagar um total de US$ 33,5 milhões por perdas e danos às familias das vítimas.

Os beneficiários, no entanto, quase não se receberam nada. A maior parte dos bens de Simpson está ligada a sua previdência de US$ 400 mil anuais, que, pelas leis da Flórida, é intocável. O livro seria lançado dia 30 de novembro, a tempo da temporada de vendas natalinas. Já a entrevista seria transmitida em dois blocos no fim deste mês, quando as redes de televisão medem a audiência para determinar suas tarifas para a próxima temporada.

Simpson também poderia lucrar com sua hipotética confissão, mas sua motivação parecia ser a vontade de recuperar sua condição de astro. Até agora, só conseguiu aumentar as dúvidas sobre sua culpa. Para o articulista Frank Thomas Croisdale, não se sabe "o que é mais louco: matar a mulher ou escrever sobre isso depois".




Fonte: Agência EFE

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