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Nacional
Segunda - 20 de Novembro de 2006 às 18:05

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Além da corrupção em muitos países, o financiamento internacional para os programas de combate à aids tem encontrado um novo empecilho para se traduzir em ajuda às populações necessitadas: as políticas econômicas restritivas de muitos países estão obstruindo a liberação das verbas recebidas por governos de todo o mundo. Essa é a avaliação dos participantes da conferência internacional das Nações Unidas que discute, em Brasília, a aplicação das doações externas na luta contra o HIV.

De hoje (20) até quarta-feira (22), o seminário, que reúne 56 representantes de 21 países, discute o efeito das políticas macroeconômicas sobre os recursos destinados ao combate à aids. O encontro é organizado pelo Centro Internacional de Pobreza, braço do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mantido com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A conferência reúne economistas, pesquisadores, especialistas da ONU, membros das agências de cooperação, além de representantes de instituições públicas e de organizações não-governamentais.

Segundo o diretor do Centro Internacional de Pobreza, Terry McKinley, muitos governos, principalmente de países com economias pequenas e de baixa renda, têm receio de que os gastos das doações internacionais aumentem a circulação de dinheiro e provoque aumento da inflação. Dessa forma, as transferências estrangeiras, em vez de auxiliar a população, passam a compor as reservas internacionais desses países. "Depois das crises internacionais dos anos 90, os governos passaram a se comportar de maneira muito mais conservadora", aponta McKinley.

Um estudo apresentado na conferência mostra que na última década o maior aumento nos financiamentos externos ocorreu na África Subsaariana, que concentra a maior incidência de aids no mundo. Em alguns países da região, o total de doações chega a superar o orçamento para a saúde e, somente na Zâmbia, o reajuste chegou a 700% apenas entre 2002 e 2004. No entanto, grande parte desses repasses não chega à população dessa região.

De acordo com o Centro Internacional de Pobreza, a política econômica baseada nos cortes de gastos e nos juros altos tem impedido que os países em desenvolvimento, que concentram 95% dos portadores de HIV, se aproveitem do aumento das doações internacionais. Atualmente, conforme a entidade, os países que recebem recursos estrangeiros para o combate à doença gastam apenas 50% da verba.





Fonte: Agência Brasil

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