Rebeldes de Darfur dizem que Sudão lançou grande ofensiva
Um comandante rebelde disse que o conflito continuou no final de semana, após ataques conjuntos de forças do governo e de milícias contra bases rebeldes na região de Bir Mazza na quarta e na quinta-feira.
A missão de monitoramento da União Africana, que condenou os ataques da semana passada, confirmou que o combate continua. O Exército sudanês, porém, nega que esteja conduzindo uma ofensiva.
"Nós nos dividimos em dois ou três grupos e todos estão em combate", disse Jar el-Neby, um comandante da Frente de Redenção Nacional, que rejeita os acordos de paz de maio assinados apenas por uma das várias facções rebeldes. "O governo não utilizou aviões ontem, mas hoje os Antonov estão circulando."
Tropas do governo e seus aliados da milícia conhecida como Janjaweed continuam dentro da cidade que era controlada por rebeldes de Bir Mazza, acrescentou Neby, pedindo intervenção da comunidade internacional para proteger os civis.
"Confirmamos que pelo menos seis pessoas morreram e que mais ataques contra civis e roubo de gado continuam."
Especialistas estimam que cerca de 200 mil pessoas já morreram e cerca de 2,5 milhões foram expulsas de suas casas nos três e anos e meio de conflito em Darfur. Os rebeldes, que em sua maioria não são árabes, pegaram em armas no início de 2003, acusando o governo de marginalizar o oeste do país.
O governo mobilizou milícias tribais para conter a violência. Essas milícias são agora acusadas de praticar uma campanha de estupros, assassinatos e saques.
Os conflitos no norte de Darfur ocorrem após a recusa das autoridades sudanesas de permitir uma visita do chefe de operações humanitárias da Organização das Nações Unidas (ONU), Jan Egeland, às áreas próximas ao local do conflito na semana passada. Isso apesar da insistência de Cartum de que as condições de segurança são boas. Jornalistas estrangeiros também tiveram negadas autorizações para viajar na região.
Um encontro na quinta-feira na capital etíope, Addis Abeba, levou à concordância das partes envolvidas no conflito de que o acordo de paz de maio era inadequado e que um novo processo deve ser lançado sob liderança da ONU e da União Africana (UA).
Apesar disso, os rebeldes afirmam que o governo tenta apenas ganhar tempo para continuar com suas operações militares.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse em Addis Abeba que o Sudão havia aceitado tomar parte de uma força conjunta da ONU e da UA em Darfur, mas autoridades sudanesas negaram depois que isso fosse verdade.
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