Conexões com paramilitares estremecem poder político colombiano
Diferentemente daquela época, em que os políticos simplesmente desfrutaram ou se beneficiaram do poder econômico dos narcotraficantes de Medellin e Cali, a Corte Suprema de Justiça revelou na semana passada o vínculo entre três congressistas e esquadrões ultradireitistas.
Enquanto nos anos 80 e 90 os cartéis de Cali e Medellin patrocinavam campanhas políticas, agora as ligações dos políticos com paramilitares vão além, a ponto de encomendarem o assassinato de camponeses, como no caso do senador Alvaro García, segundo a Corte.
García e seu colega no Senado Jairo Merlano, assim como o deputado Erik Morris, todos do norte do país, se entregaram esta semana às autoridades e estão detidos numa penitenciária de Bogotá. Os três pertencem a movimentos que apoiaram a reeleição do presidente Alvaro Uribe.
A Corte aponta Merlano como integrante de um grupo paramilitar liderado por 'Diego Vecino' e 'Cadena', que patrocinaram sua campanha ao Senado nas eleições de 2002. Já Morris é acusado pela Corte de financiar esse tipo de organização.
O tribunal também ordenou que a Promotoria investigue Salvador Arana, ex-embaixador da Colômbia no Chile, Miguel Nule Amín, ex-governador do departamento de Sucre (norte), e Angel Daniel Villarreal Barragán, ex-presidente da Assembléia dessa província da costa caribenha.
Foi detida ainda a ex-representante da Câmara Muriel de Jesús Benito, que não atendeu a uma solicitação da Promotoria para que se apresentasse para prestar depoimento.
Esta semana, a Corte continuou recebendo declarações de congressistas e não estão descartadas novas prisões. Deputados de partidos de oposição a Uribe censuraram seu silêncio em relação ao caso dos deputados, principalmente pela participação destes na campanha presidencial de maio passado.
Uribe respondeu na sexta-feira pedindo uma punição severa para congressistas e funcionários que tenham vínculos com os grupos paramilitares. Ele chegou a pedir que os mesmos se apresentem à Corte Suprema se tiverem vínculos com essas organizações ultradireitistas ou com as guerrilhas.
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